ÁRVORES, POR FAVOR!

Aproveitando um breve intervalo de minha viagem, tocado pela saudade que é sempre frequente, não resisti a umas poucas linhas, como deveras prometi acaso fosse possível. Aqui nestas longínquas terras mineiras, deslumbrado com o gigantismo de Belo Horizonte, aonde vim com o intuito de fazer alguns exames oftalmológicos preventivos, o anseio bate às portas do coração e as lembranças da minha terra vão surgindo como borboletas saindo dos seus casulos num alvorecer qualquer. Mesmo sem o desejar, mas flamejado por esse amor à terra onde nasci, inerente a todos os seres humanos, conquanto claudicando, ainda embevecido se bem perplexo, tive que fazer um paralelo entre Mossoró, Natal até porque é onde atualmente resido, e esta linda BH. E entristeci-me. A razão é simples: enquanto nossas cidades são pobres de árvores, paupérrimas eu diria, cá em BH, como a cidade é carinhosamente chamada por seus habitantes, praticamente todas as ruas, praças, avenidas, esquinas, recantos, em todos os lugares as vemos a mancheia. O verde, com as delícias de sua presença imprescindível, impera, pulula, viceja, governa, vive, enche a capital com o seu frescor e vivacidade. Encantado, como a pensar que estou a sonhar, fotografei canteiros, ruas e praças, brinquei com as folhas e os galhos, sorri e chorei a um só tempo, quis abraçá-las, cheguei a ensaiar uma declaração de amor a esse majestoso jardim que cobre de vida, e vida em abundância, a BH decidamente amada e coberta de gentilezas por seus habitantes. Sobrou vontade de gritar daqui, para ser ouvido até os confins de Mossoró na intenção de suplicar que, pelo amor de Deus, plantem, replantem essa cidade escaldada pela inclemência do sol. Não deixem que ela seque por completo, joguem sementes nos terrenos baldios, nos mais ínfimos pedaços de chão das praças, nos quintais, nos canteiros, em todos os lugares onde elas possam germinar para sombrear seus cidadãos já queimados pela ferocidade dos raios solares. Plantem cajaraneiras, mangueiras e cajueiros nos quatro cantos de Mossoró, verdejem essa terra calcinada por uma temperatura que, certamente, beira aos cinqüenta graus ali pelo meio-dia. Pelo amor de Deus, torno a repetir, se não existir tal sentimento pelos semelhantes, arborizem Mossoró, façam dela um lindo pomar público, o que falta? Digam em nome do Senhor! Se as autoridades não o fizerem, conclamo a população, em prol dela mesma, e chamo à responsabilidade social comerciantes, industriais, entidades financeiras e demais órgãos que formam a cidadania mossoroense a fazer um glorioso mutirão para encher a cidade de milhares de árvores. Mas, por favor, não plantem carnaubas, a necessidade é de sombra, não de obeliscos. É hora de cada cidadão mossoroense adotar uma árvore e cuidar dela pensando nos seus netos, amando-as como a eles, regando-as à guisa de dar-lhes de beber com aquele carinho especial de avó altruísta. Seus netos, quiçá antes deles seus filhos, precisarão delas como do próprio oxigênio. Se elas nao existirem no futuro, provavelmente não haverá futuro para eles.

Ah, dá gosto ver tantas e tantas e tantas árvores vestindo Belo Horizonte com o verde da vida. Gostaria de ver Mossoró também bordada por essa saudável vestimenta que enche os olhos e nos faz deixar cair gotas de lágrimas eivadas de ternura. Árvores, por favor, é para ontem!

Gilbamar de Oliveira Bezerra
Enviado por Gilbamar de Oliveira Bezerra em 11/01/2008
Código do texto: T812206
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2008. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.