Quando a luz apagou
Cheguei a casa da tia Dina, abatido porque havia terminado com Silvia.
Havia no ar uma febre que se escondia no corpo e um desânimo, que se ficasse em casa não seria sano.
Assentado na cama da cozinha com o banheiro via o Júnior, meu primo, se arrumar, pra ir a uma festa, que Gorete, minha amiga e namorada dele faria na casa de sua prima naquele sábado.
Eu já havia me condenado a não ir, porque sabia, que ela lá estaria.
Fiquei feito criança na jaula, querendo ir e ficar...até que o meu primo me adulou, massageando o meu ego, me fazendo enxergar um fio de esperança pra eu reconciliar, a ponto de eu aceitar.
Ao chegar nos portões de entrada, o medo era encarar ela não estar.
Nossa turma toda estava lá, bem como a lua serena sobre a piscina agitada, por alguns que já esperimentavam a água de noite.
A música entoada na vitrola se fazia presente, os buchichos, os casais, o romance e uma certa cerimonia envolvia o momento, quando ela surgiu com aquele brilho, de alegria festiva no ar, que enchia qualquer ambiente. Toda pronta, belíssima, a caráter pra pular na piscina, quando nos encontramos. Foi uma pausa nas horas do último encontro, que resultou no fim não programado pra ser o fim.
Nossos olhos até se trairam, mas ela falou comigo, como se tudo tivesse sido superado. E eu atonito ao vê-la me pedia ao tempo e ao momento , um segundo pra tentar reconsiderar. Meu coração aflorou de vontade, de beijá-la, mas me contive.
Na piscina todos entenderam a minha reação e perceberam que algo faltava ser dito. Então cada um, com o seu par saiu a francesa e nós ficamos ali a nos agredir, ao fingir, que tudo estava normal.
Ela dentro da piscina com o rosto na borda fazendo caretas pra mim e eu abaixado diante dela.
Se conversamos um minuto foi o suficiente pra né envolver e assombrado só ouvir ela dizer:
- Vem pra cá comigo. Pula aqui.
Sem muito o que pensar, imbuído na ideia de que ela sedia, todo pronto vestido, vestido de social, me sentindo de febril a mal, com sapato e tudo obedeci.
Dentro da piscina procurei o seu calor, procurei o seu afeto, suas palavras de acordo, que soavam como água dentro de uma mágoa, que o orgulho não aceitou.
Não sei se tentei o suficiente, mas me humilhei, pedi desculpas e a sua reconsideração. Mas ela, irresoluta só dizia, que não queria mais sofrer.
Me sentindo mal, sentindo dela um querer em falsete, como num drama sai pra ir embora esperando, que ela me pedisse pra ficar. O que não aconteceu e eu fui embora e tudo, tudo de fato terminou.