A velhinha da varanda
Sempre em cada findar das tardes, passando na estrada, lá estava ela, sentada em sua cadeira de balanço, olhando para estrada, como se esperasse passar alguém por ali.
Com um sorriso no rosto acenava com a mão, dizia boa tarde para as pessoas que por ali passavam, e sentada em sua cadeira permanecia no suave movimento de ir e vir.
Parecia estar ali, contemplando as lembranças de uma vida que passou e que já estava chegando no fim da estrada.
Como uma videira fecunda, formou muitos filhos, curtia netos e até bisnetos, as gerações que chegaram, frutos de uma vida entregue à formação de uma família. O vestido florido, as mãozinhas enrugadas, os cabelos brancos, a pele marcada pelo tempo e os pezinhos cansados da peleja de uma longa caminhada nas tortuosas sendas da vida, expressam os sinais do entardecer de uma vida que já está lentamente se despedindo.
Contemplar a velhinha na varanda, é testemunhar a vida que tem suas estações e que de forma repentina passa sem pedir licença.
E hoje ao passar pela estrada, a varanda estava sem cor e um vazio tomou conta dos olhares, a velhinha da varanda, já não mais estava lá, a cadeira estava estática, a varanda sem vida, o entardecer daquela vida findou e aquela despedida, marcou muitos reencontros, dos que estavam dispersos e agora se juntaram para dizer o último adeus, para a já saudosa velhinha da varanda. 30/07/2024 às 16:30 hrs na EMEF Nossa Senhora de Fátima