Rebeldia

Dois velhos conhecidos encontram-se e trocam saberes sobre a vida.

- Esses dias fiquei pensando no tempo de que a sociedade precisou, para aceitar que o negro deixou de ser escravo e passou a ser livre. Décadas?

- E, mais tarde, para aceitar que o negro ocupasse os mesmos espaços dos brancos. Quantos lutaram com a vida para isso acontecer?

- Sim. E quanto tempo foi preciso para que mulheres fossem aceitas nas universidades, nos cursos que eram patrimônio dos homens? Décadas?

- E para ter o direito ao voto? Conseguir trabalhar em atividade diferente de empregada, arrumadeira, cozinheira etc. Décadas? E a dirigir e ter seu CPF?

- Padrões sociais estão enraizados nas pessoas e na sociedade. É proibido pensar fora desses padrões. Mas há os pioneiros, os rebeldes, os lutadores.

- As famílias com uma pessoa com deficiência mantinham-na em casa, longe dos olhares reprobatórios. Quanto tempo foi necessário para isso mudar?

- O tempo para substituir os padrões sociais. Estamos vendo isso hoje, na movimentação de pessoas LGBT+. Nascer com pênis ou vagina não é mais suficiente para rotular alguém como homem ou mulher.

- A ciência, que considera a estrutura física do corpo e a disposição psíquica, tem lutado contra a polaridade Adão-Eva que as religiões impuseram. Alguns países avançaram bem nessa aceitação. Outros, continuam presos à doutrina.

- Eu, por exemplo, não aprecio muita coisa que ocorre na parada gay, nem aprecio a linguagem do “todes”, mas sei que são recursos importantes para que novos padrões sejam aceitos como naturais na sociedade.

- As escolas precisam capacitar seu corpo docente para que os alunos sejam ensinados a conviver e a respeitar o diferente: o coleguinha autista, o com síndrome de Down, o com síndrome de Tourette, e...

- E com o menino com trejeitos femininos e a menina com trejeitos masculinos. E trabalhar os porquês de algumas situações produzirem reações de dó e piedade, enquanto outra reações são de repúdio, desprezo e exclusão.

- Há algum tempo já se sabe que não existem apenas as cores preta e branca. Há o verde, o azul, o amarelo etc. Não há só homem e mulher. Viva o rebelde!

René Henrique Götz Licht
Enviado por René Henrique Götz Licht em 31/07/2024
Código do texto: T8118708
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