Com o passar do tempo, noto que estou ficando cada vez mais sentimental. Estou numa fase da vida em que absolutamente tudo me emociona. Não sei explicar o porquê, mas é como se, depois de ter vivido todo este tempo, me vejo sentada no "teatro da vida", apreciando cada peça, seja ela qual for. Cada cena, cada ato, me tocam de uma forma única e profunda. É como se minhas emoções tivessem ganhado vida própria, dançando ao ritmo das experiências que vivo. Saio na rua e presto atenção nas mínimas coisas, como se estivesse vendo o mundo através de uma lente mais colorida. Ando mais filosófica, e noto que enquanto dirijo e olho o mundo, reflito, questiono e me auto-analiso. Faço uma revisão rápida dos meus sentimentos, penso nas alegrias, nas tristezas, alguns momentos que deixaram cicatrizes que com o tempo aprendi a entendê-las e superá-las. Essas cicatrizes, agora preenchidas com a sabedoria do tempo, brilham como marcas de ouro em minha alma.

 

Outro dia, eu estava assistindo a um vídeo muito interessante de um influenciador, escritor e palestrante chamado Sean Buranahiran, da Tailândia. Ele falava dos japoneses e das mais profundas lições que eles tiram de uma simples tigela quebrada. Quando uma tigela se quebra no Japão, ela é remontada e as rachaduras são preenchidas com ouro, para enfatizar a beleza. Eles acreditam que quando algo sofre danos, não deixa de ter sua história. E compara com os seres humanos, que a nós cabe escolher e pintar nossas lutas com ouro, e entender que não estamos quebrados, sem possibilidade de reparo. Ele terminou com um pensamento: “Cada próximo capítulo da nossa vida exigirá um novo você e, às vezes,  é preciso ser quebrado para se tornar uma nova versão de si mesmo.” Bonito isso, não é?

 

No final das contas, compreendo que ser sentimental e filosófica se tornaram parte da minha essência, e que aceitar minhas emoções e refletir sobre elas me permite crescer. E, assim como a tigela japonesa, vou caminhando tentando bordar minhas cicatrizes – cada uma delas contando uma história. Em cada cicatriz, vejo não apenas a dor do passado, mas a força e a beleza do presente, um lembrete constante do poder diário de transformação futura.

 

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Mary Fioratti
Enviado por Mary Fioratti em 30/07/2024
Código do texto: T8118287
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