O canto triste do Urubu em uma manhã de quinta-feira
Enquanto Olavo (11 anos) lavava o par de tênis do irmão mais novo às 8 horas daquela manhã, tocava no rádio da cozinha a música “Eu não sou cachorro não” que em nada interferia no seu trabalho. O que desviou seus pensamentos foi o som estranho de um pássaro que ele não conhecia e nem via onde estava.
Minutos depois tocou no mesmo rádio “Saudade da minha terra” e o pássaro deu mais alguns pios lamentosos que levou Olavo a questionar se o pássaro estaria envolvido emocionalmente com as músicas. Coisas de crianças...!
Sua mãe apareceu e ele perguntou que pássaro era aquele do ‘cantar’ (*) tão triste? Sem nada ter ouvido, mas conhecedora da natureza, ela falou:
- Só pode ser o Urubu. Deve ter visto algum bicho morto aqui por perto. Ou prevendo uma morte... Eles sabem disso.
- Mas mãe, não é por que ele ouviu duas músicas triste no rádio?
- Deixa de ser bobo, menino! Não confunda Urubu com Uirapuru...!Termine esse serviço e vá na horta arrancar um pé de mandioca para o almoço.
Foi lá nos fundos da horta que Olavo viu o Urubu ‘desmanchando’ o par de botas do avô Vitório que ali fora jogado por estar em mau estado em razão de mais de 50 anos de uso.
Para o Urubu talvez não tivesse sido uma ‘vitória’ aquela manhã de quinta-feira, 12 de agosto. Quem sabe no outro dia ouvindo músicas menos tristes...!
(*) Urubu não canta. Grasna.