ASSISTINDO CHARLES CHAPLIN

Para

Antônio Cunha,

Inês Martins

Dorothy Martins

Todos os domingos após anoitecer, esta era a sua rotina. Ele e seu amigo caminhavam até o Balneário do Estreito para assistirem aquele que se tornara o ícone do cinema mudo, Charles Chaplin. Posso dizer que era uma espécie de ritual religioso, esta romaria até a casa duas amigas em comum. Ao chegarem à residência das amigas, todos se abraçavam e se beijavam com bastante entusiasmo como se fosse a primeira vez que se encontravam tamanha era a felicidade de todos.

Por volta de 21:30 todos sentavam-se nas poltronas da sala, sintonizavam no canal da Bandeirantes, pois naquele horário estava para começar mais um festival Charles Chaplin, na época excelente atração na grade de programação de fim de noite daquele canal, pelo menos para aquele grupo de sonhadores que vibravam com o talento artístico do ator principal em suas peripécias encarnadas no eterno Carlitos, o “vagabundo”. Charlie Chaplin atuou, dirigiu, escreveu, produziu seus próprios filmes, inclusive financiando-os. Em sua vitoriosa carreira também compôs algumas músicas, sendo a mais famosa: Smile que ele compôs em 1936 para o filme Tempos Modernos, afinal “se você sorrir apesar do seu medo e tristeza, sorria e talvez amanhã você verá o Sol brilhando para você”. Apesar de ter morrido na noite de Natal de 1977, ainda hoje é referência do cinema mudo mundial.

Estes amigos naqueles tempos, participavam de grupos de teatro inseridos na comunidade com objetivo de contribuírem para um despertar de consciência numa época em que a liberdade de expressão ainda engatinhava para a sua plenitude. A sociedade vivenciava transformações comportamentais por parte de um número relativo de jovens que não aceitavam mais o domínio de regras “antiquadas” como também o direcionamento político social imposto pelos detentores do poder.

Mesmo que diante desta realidade, muitos jovens corajosos colocaram em prática seus sonhos e projetos disseminando a cultura cada qual a seu modo nos bairros de suas cidades. E estes jovens de volta a suas casas comentavam durante a caminhada cada cena, palavras e frases que mais tinha chamado a atenção durante o desenrolar do filme, verdadeiro frenesi. Este escriba tinha um grande sonho, tornar-se ator de televisão, mais precisamente na Globo, pura viagem aos olhos de hoje, porém aos olhos de ontem poderia ser possível, mas faltava coragem e talento, é claro, para tornar este sonho em realidade, coisas de jovem sonhador.

Mas há muito que se orgulhar, pois o seu amigo, companheiro de caminhada é um excelente ator, dramaturgo, roteirista e diretor de teatro que muito tem contribuído com a cultura de Santa Catarina e porque não do Brasil? Quanto a este humilde escriba, hoje é um poeta, escritor, contista que continua sonhando com um mundo melhor, afinal, caminhante, faça o teu caminhar, vivenciando experiências, escrevendo a tua história registrando momentos poéticos, sonhos alcançados, pois o mundo a ti pertence. A felicidade está ao teu alcance, a luz do Sol a te iluminar. Caminhante vá em frente, faça-se amado, sinta-se amado.

Valmir Vilmar de Sousa (Vevê) 29/07/24

valmir de sousa
Enviado por valmir de sousa em 30/07/2024
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