CRÔNICAS - MINHAS MEMÓRIAS ( 2 )

CRÔNICAS - MINHAS MEMÓRIAS - ( 2 )

Em Ituverava, começaram a cuidar da plantação de café e demais plantas como milho, algodão, feijão e assim aprenderam ser lavradores, pois o meu avô no Japão eram também lavradores, mas cuidavam mais de arroz e tinham noção de que plantando por aqui tudo dá!!!

Assim foram amealhando cultura sobre como plantar e colher mas o irmão mais novo queria tentar a sorte e veio embora para a capital e conseguiu emprego de auxiliar na empresa Porto Seguro naquela época de 1912 e ele já com seu 16 anos buscando futuro que foi bem rápido aprender a ler e escrever em português além de crescer dentro da empresa Porto Seguro, que em menos de dez anos já era Gerente da empresa...

Quando os primos de meu avô vieram para outra região do estado se comunicaram que poderiam juntos comprar terras na região da alta Sorocabana... e com isso o meu avô já com duas filhas e o meu pai foram para Alvares Machado que na época ainda era um simples vilarejo... mas com a tal colonização de japoneses na região trabalhando de meeiros... metade do dono da terra e metade de quem trabalhasse e recebesse exatamente a metade de tudo que vendessem... ganharam o suficiente para comprar novas glebas de terra...

E assim chegaram a Martinópolis, que na época ainda se chamava José Teodoro, que tinha sido o fundador da cidade e que foi morto por tal de João Gomes Martins, que assim que se tornou prefeito dessa cidade mudou seu nome para Martinópolis, ou cidade dos Martins!!!

Se bem que nada mudou com essa troca de nomes dos novos donos da cidade e do município, que venderam lotes para o meu avô mas não deram a tal escritura e assim quando ele morreu vieram os herdeiros seus filhos querer tomar as terras, e dai o meu avô teve que pagar de novo pelas terras para agora receber a escritura das terras que já tinham sido pagas ao tal João Gomes Martins que na verdade era até padrinho de um dos meus tios que já nasceu na região...

Com muito trabalho e com o meu avô agora já dono de 50 alqueires de terra produtiva, foram amealhando quem quisesse vender suas terras nas proximidades ou que fizesse fronteira com as terras do meu avô... chegaram a ter 300 alqueires de terra...

Com a cultura de 3 milhões de pés de café e com a vizinhança precisando de uma beneficiadora de café, os meus tios montaram uma beneficiadora de café onde depois de secos em terreiros já devidamente cimentados, onde espalhávamos o café durante o dia e a noite recolhíamos em montes que eram cobertos com encerados para não pegar a friagem da garoa, ou mesmo chuvas e assim continuava a secagem se houvesse sol na manhã seguinte e lá estava eu ajudando a espalhar o café em vários terreiros e mais tarde quando estivesse bem secos iam para a tulha onde era estocado para depois serem beneficiados pela máquina beneficiadora que separava os grãos por tamanho e tipo de café... que eram ensacados e encaminhados para exportação pelo porto de Santos!!!

Convivi com essa vida maravilhosa até os meus 14 anos de idade.. e até já dirigindo o caminhão mesmo sem carteira de motorista para buscar os colonos que trabalhavam durante o dia na fazenda e a noite eu os levava de volta a cidade onde a maioria que não tinha emprego fixo vinham colher algodão, milho e café na nossa fazenda!!!

E isso tinha até muita vezes mais de 40 pessoas sobre o caminhão de ida e volta até a cidade de Martinópolis que estava a cerca de 7 quilômetros de distância por estrada de terra e quando chovia era um Deus nos acuda... de colocar corrente nos pneus e tentar passar pela lama formada por vários caminhões que atolavam na lama... e de vez em quando precisávamos de um trator para tirar os caminhões atolados na lama das estradas entre Martinópolis e a vila de Teçaindá... que dista a 18 km da cidade... na direção do sítio do meu tio que ficava bem no meio do caminho... mas com as compras de mais terras chegamos até tal vila com a extensão das fazendas da família Ogata!!!

- Já pensou para tomar conta de uma fazenda de andar por 2 horas e não conseguir visitar toda a fazenda??? E ter mais de 150 famílias trabalhando na fazenda e ainda precisar de gente na colheita para dar conta de tudo???

- Que pena que tudo isso um dia com tal doença da ferrugem aos pés de café veio o governo negociar de pagar para arrancar e queimar tudo??? Imagine 3 milhões de pés de café destruídos pelo fogo... ter que desmontar a máquina beneficiadora e vendê-la para que a precisasse em outro estado para cuidar do beneficiamento do café em grãos!!!

- O meu pai se separou dos meus tios e recebeu em dinheiro a parte dele e fomos morar na cidade de Martinópolis, onde eu tinha meus 9 anos, e fui trabalhar numa selaria do Sr. Manoel um alagoano que me ensinou como vender selas para andar â cavalo... e os aparatos necessários para ter o controle do cavalo e até mesmo embelezado, como se fosse um carro cheio de enfeites... como também roupas especiais de vaqueiros...

- No fim o meu pai comprou a Selaria do Sr. Manoel e fiquei responsável com a minha mãe de comprar e vender tais materiais necessários para cavalos e cavaleiros!!!

Assim após o meu pai aprender a ser fotografo com outro especialista da cidade, montamos uma loja fotográfica na metade da Selaria, onde eu ajudava a revelar as fotos bem como a tirar fotografias... e assim aprendi mais uma profissão ser fotografo profissional...

Mas consegui um emprego aos 11 anos para trabalhar como auxiliar de despachante com José Acorsi que era sócio do Sr. Sussumu Imamura que era vereador como o meu pai que se candidatou e acabou sendo eleito na primeira vez em 1954 até 1958... e reeleito como o mais bem votado pois até eu mesmo dei aulas a noite nas escolas municipais das fazendas dos meus tios a noite e nos fins de semana e todos tiraram seus títulos de eleitores, e assim 480 votos foram dos meus alunos do curso de madureza e eu com meu 10 anos usando metade do quadro negro para ensinar os adultos a ler escrever e aprender a fazer contas de somar, subtrair, multiplicar e dividir!!!

Se hoje estivesse por lá talvez também como os meus primos, filhos dos meus tios se envolveram na política, outros se formaram advogados e estão atuando com delegados de polícia ou comerciantes ou políticos... tem até um comandante da Gol que é meu primo Marco Antônio... mas que todos o chamam de Comandante Ogata que atualmente se aposentou e montou uma escola de pilotagem na região de Presidente Prudente e no Paraná!!!

Nota do autor:- Talvez aqui estou dando apenas notas de que não sou tão leigo quanto a plantar e cuidar de plantações e claro que aprendi quando menino plantando e colhendo!!!

IVANHOÉ
Enviado por IVANHOÉ em 29/07/2024
Código do texto: T8117048
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