DAVI E GABIRU
Nestes dias paradoxais pelos quais passo o meu Sport Clube Internacional, publico um velho texto que conta a sua GLORIA MÁXIMA e, ao mesmo tempo as ANGÚSTIA E AS DORES do atleta que tornou possíveis estas Glórias.
DAVI E GABIRU
Em outubro de 2012 o ZH noticiou, que o Adriano Gabiru foi, com todos os demais atletas, demitido do Guarani de Bagé.
Ao ler a notícia, não me foi possível deixar de comparar Gabiru que, com um gol, magistral venceu ao Gigante Barcelona ao Jovem Davi que à frente de um pequeno exército de Israelitas derrotou os Filisteus, abatendo, com uma pedrada o Gigante Golias.
Ao jovem Davi a história foi pródiga e o fez Rei de Israel e o Velho Testamento imortalizou sua história e suas glorias, marcando para a eternidade a sua trajetória como o pai de Salomão o mais rico e o mais sábio monarca de todos os tempos...
Mas o Gabiru que venceu, ao Gigante Barcelona transferiu seus méritos para o esporte clube Internacional, onde jogava e hoje, em cada canto do Rio Grande, do Brasil e do mundo está escrito que o Inter é Campeão Mundial.
Ninguém, todavia, diz que o Inter é Campeão Mundial porque o Gabiru fez um gol...
O Inter era e é uma equipe e, então, a vitória foi de todos.
Diferentemente de Davi que, após a sua vitória sobre Golias, viu sua fama, sua glória, seu nome elevarem-se mais, até torna-se eterno, Gabiru viu repentinamente, a sua luz apagar, o seu brilho sumir, os seus gols irem rareando e ser, finalmente, vendido pelo Inter.
De Clube em Clube, de reserva em reserva, acabou chegando ao Guarani de Bagé.
A desclassificação do time, na segundona gaúcha, originou a sua demissão e a volta para Curitiba, onde reside e onde aguardará proposta de algum clube.
Ao contrário, do jovem Davi vitorioso contra o Golias dos Filisteus, ao Gabiru, o Davi do Inter contra o Golias do Barcelona, a vida reservou a angústia do desemprego, a falta de segurança para manter sua família e, longe dos gritos dos estádios cheios e das torcidas fanáticas, amarga a solidão e a dor no silencio humilde dos que vivem longe dos aplausos e da fama.
Talvez, um dia- esperamos que custe a chegar- a Nação Colorada, diante da fatalidade inevitável da morte do Gabiru, lhe leve uma coroa de flores e uma placa de bronze, muito menos como homenagem e muito mais como penitência oferecida, para serem perdoados os seus pecados por não ter dado o valor em vida que merecia, o homem que escreveu o nome do Sporte Clube Internacional nos anais da história do mundo do Esporte...!!!