- MINHA VIDA DE STALKER 
 
Essa história foi do tempo em que eu fazia faculdade. Queria terminar logo o curso e tinha aulas no horário da manhã e da noite. Assim, acabei conhecendo muita gente, entre elas a Vera, que ainda estava no segundo semestre, enquanto eu estava bem mais adiantada.

Certo dia, sentada num banquinho de cimento como tantos que haviam no campus, vi um homem alto de belos olhos azuis passando com a pasta amarela característica de quem era professor. Fui para a minha classe, mas não conseguia tirá-lo da cabeça. Imaginei que, por ele estar passando pelos blocos onde ministrava o  curso que eu fazia, deveria ser professor de alguma matéria relacionada.

Formulei uma estratégia que consistia em pegar uma cópia do quadro de aulas dos professores do Direito, eliminar os que eu já conhecia e os que só davam aula pela manhã, e ir nas aulas dos que eu ainda não conhecia.

 
Vocês não imaginam como eu posso, ou podia, ser persistente, quando queria uma coisa. Digo isso porque, com o tempo, me tornei uma pessoa bem mais sensata. A verdade é que essa minha tática se revelou um fracasso e eu desisti.

Calhou que, tempos depois, um protessor meu faltou e eu encontrei com a amiga Vera indo para a aula dela.

 
Quando a Vera soube que eu tinha horário livre, me convidou para assistir a aula dela. Eu não tinha nada para fazer mesmo e fui lá.

Assim que cheguei à sala, tomei um susto daqueles. Nessas horas é que eu tenho certeza de que o Diabo é ardiloso e mora nos detalhes. Pois não é que a peste do homem que eu tanto havia procurado era justamente o professor da Vera ?

Tive vontade até de rir, mas fiquei na minha, quieta  só olhando.

 
Para meu azar, tendo ele percebido que eu não era uma das suas alunas, perguntou o meu nome e passou a aula toda usamdo meu nome nos exercícios.
 
Na hora eu achei bacana, afinal, eu o havia encontrado e ele havia gostado de mim. O problema é que não parou por aí.
 
De repente, em todo lugar que eu ia, ele estava. Na diretório acadêmico, na livraria, no pipoqueiro, nos bancos próximos às minhas salas.
 
O cabra se fez tão presente que eu acabei aceitando ir jantar com ele. 
 
Em pouco tempo, o professor gato e misterioso se tornou um  chato, obsessivo e que não largava do meu pé. Foi um trem conseguir me livrar dele.

De perseguidora passei à vítima da perseguição. Não imagino como ele conseguiu, mas acabou descobrindo onde eram minhas salas e não descansou até ter o meu telefone.
 
Daí para iniciar um flerte não foi nada difícil. O problema foi que ele endoidou, passou a estar em todo canto por onde eu andava, e a me ligar direto.

Ele tinha ciúme de tudo, e nem queria que eu fosse para a missa com a minha mãe porque pensava que eu queria me encontrar com alguém.

 
Depois do tanto que eu falei, que não o queria mais, ele acabou desistindo, e no ano seguinte eu me formei.

Se eu aprendi alguma coisa com isso? Mais ou menos. Gosto da vibração do risco. E como todo mundo bem sabe: A gente só se apaixona nesta vida para duas coisas, ou para viver um grande amor, ou para se lascar.

Baseada na minha vida real?
- Talvez sim, talvez não...