SEBASTIÃO BOBO
SEBASTIÃO BOBO
Hoje a inocência das crianças está desaparecendo, foram substituídas por informações as quais, nos outros pais, as vezes assustamos por ver assunto de tal natureza complexo, que achamos inviável e quase que impossível nossos filhos falar com naturalidade tais assuntos.
Outro dia minha netinha, ao ser lhe negado um pedido seu disse a Mãe dela:
“se vc , Mãe,. Não me der, eu vou pirar!”
Então fui até e a perguntei se ela sabia o quer dizer “Pirar”, e ela não soube responder.
A conclusão que chegamos é que essas crianças moram na mansão do Amanhã, e mesmo que queiramos, não conseguiremos nela entrar.
Mas, lembro de minha infância, das coisas simplistas que vivíamos, como sair a dois pelos campos ali perto de nossa cidade, subir nas arvores e buscar suas frutas, com uma varinha modesta, sair pelos riachos e pescar lambaris, chegar em casa entregar para minha Mãe, garantindo a mistura do dia.
Juntávamos na pracinha e observava um Senhor que sofria dentro de suas tristezas, a caminhar com um saco as suas costas, perambulando aqui e ali, sem família,endereço, mas sorria como se vivesse em um paraiso, perdia a compostura quando chamávamos ele de Sebastião bobo.
Então corria atrás de nós , jogava pedra...E hoje olhando nesse passado que não passa, não observando o sofrimento mergulhado em seu coração, onde o sofrimento e dor não conseguia lhe atingir, pelo fato que ele não o aceitava.
Certa feita eu estava sentado a beira da estra e avistei o Sebastiao caminhando apressadamente, então resolvi chegar perto dele e perguntei.
-Tião, de onde o senhor vem...
Ele responde apontando de on veio
-Dali
E perguntei para onde ele estava indo e ele respondeu:
-Para ali!
Talvez em nossa cegueira de não querer ver também buscamos nossa destinação e se, ousarmos acompanhar esses andarilhos, teremos uma amarga surpresa, tem mais pessoas junto a eles que nunca imaginários que ali estivessem.