A Escola de Dona Laura

VIRA e mexe vemos no noticiário a divulgação de problemas nas escolas relacionados com autoritarismo de professores e baderna de alunos. Quando tomo conhecimento dessas notícias lembro dos meus tempos de aluno do curso primário da Escola de Dona Laura, em Arcoverde, porta do sertão pernambucano. Detalhe: diferente de quando fui cursar o ginasial num colégio católico quando aderi literalmente à gandaia e virei aluno relapso, na escola sempre foi excelente aluno. Sempre um dos primeiros de classe. Tenho orgulho disso, não sei explicar o porquê de ter no ginásio perdido o gosto pelo estudo. Deve ter sido coisa feita.

Mas na escola, apesar de ser ótimo aluno, era um fiasco na leitura em voz alta de trechos de livros. Não sabia fazer as pausas nas vírgulas e pontos. Lua direto que nem cantiga de grilo é minha dicção era horrível. Achava essa tarefa uma tortura. Piorado que eu só um colega quererá gago. Tortura maior só na declamação de poemas.

Em compensação, no primário, quando cheguei a quarta e quinta série resolvia todos os problemas de aritmética, era craque no ditado, composição, dussertaçao, análise e também em história e geografia. Nesta sabia os afluentes dis riios, pontos culminantes, possessoes discoaíses e as capitais dos oaíses de todo o mundo, mais noções de ciências. Além disso era muito comportado. No entanto era um menino triste. Só mudei quando fui para o ginásio e aderi à gandaia. Mas reconheço: tudo que sei hoje eu devo à Escola de Dona Laura. William Porto. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 24/07/2024
Código do texto: T8113657
Classificação de conteúdo: seguro