Will Kane (Gary Cooper) dirige-se à estação ferroviária, sozinho, disposto a tudo.
Um paralelo entre "Matar ou morrer" e "Sailor Moon Cosmos"
Quem não assistiu o grande faroeste épico de Stanley Kramer, "Matar ou morrer", de 1952? No original norte-americano, "High noon" (Meio dia).
Tendo o célebre ator Gary Cooper no papel do xerife Will Kane, "Matar ou morrer" aborda uma situação emblemática. O xerife recebe o aviso pelo telégrafo de que o bandido Frank Miller (Ian Mac Donald) está vindo com seu bando para a cidade e chegará no trem do meio-dia, e vem para matá-lo. Miller, que havia sido preso por Kane, e agora quer se vingar.
Kane busca formar uma defesa, mas esbarra com a indiferença de todos. Até o pastor nega ajuda, todos se esquivam e, vendo-se afinal sozinho, Will Kane terá de ir assim mesmo até a estação, para enfrentar a quadrilha.
A bem da verdade, no fim apenas uma mulher armada de rifle chega para ajudar o herói.
É um grande filme, bem típico do estilo majestoso das obras de Stanley Kramer.
Pois bem, é possível traçar um paralelo entre "Matar ou morrer" e a duologia "Sailor Moon Cosmos", de Naoko Takeuchi (Japão, 2023), que deverá estrear no Brasil dia 22 de agosto, pela plataforma Netflix.
É verdade que as histórias são muito diferentes entre si. Em "Sailor Moon Cosmos" vemos a Terra mergulhando no caos, invadida brutalmente por uma potência alienígena maligna que vem das distantes estrelas: a Sombra Galática, comandada por Galáxia, a Sailor da Destruição. Tendo renegado seus princípios, Galáxia, que se mancomunou com o Demônio do Caos, está assolando os sistemas estelares da Via Láctea e só quer o poder pelo poder e seu objetivo principal é destruir Sailor Moon, porque a Princesa da Lua Branca representa todos os valores que Galáxia renegou: amor, amizade, justiça e compaixão.
Como defensora da Terra, Sailor Moon habitualmente é ajudada pelas outras oito "sailors" do Sistema Solar: Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter, Urano, Saturno, Netuno e Plutão. Porém, seduzidas pelo poder maligno avassalador de Galáxia, todas elas abandonaram a Princesa da Lua. E assim, eis o grande dilema de Sailor Moon: como diz uma das propagandas do filme, "Sua batalha solitária começa". Sailor Moon se vê sozinha, acossada pelas suas próprias amigas e tendo de enfrentar uma oponente extremamente cruel e poderosa, que a si mesma se intitula a Sailor da Destruição.
Apesar de todas as diferenças entre um faroeste e uma fantasia, é a mesma situação emblemática de "Matar ou morrer". E também, pelo menos a filha de Sailor Moon irá lutar ao seu lado, nesse grande embate entre o poder da Luz e o poder das Trevas.
Sailor Moon com Chibiusa, sua filha. Ela pelo menos não abandonará sua mãe.
Rio de Janeiro, 23 de julho de 2024.