Lembras do homem?
Lembras da infância brincada nas enxurradas no meio fio das calçadas?
Das corridas de barquinhos de papel formando serpentinas coloridas?
Lembras das tardes de banho no córrego do fundo dos quintais?
Das caçadas aos sapos que faziam cantorias nos gramados das pracinhas?
Lembras das risadas do carro atolado na lama a caminho da cidade?
Lembras da chuva mansa e criadeira, no tempo e na medida certa ?
Lembras da algazarra dos pardais no topo das árvores festejando a chuva bem fininha?
Lembras das andorinhas na torre da igreja?
Das caçadas aos girinos nas margens das lagoas?
Ah, e a caçada de tanajuras após a chuva? Quanta festa!
E a colorida revoada de borboletas no caminho do rio?
Por onde andas os pardais, as andorinhas, os sapos, as tanajuras e as borboletas coloridas?
Lembras de quando o rio era tua rua para brincar?
O que aconteceu para que a tua rua hoje seja rio?
Só há duas alternativas: foi o rio que invadiu a casa do homem ou foi o homem que invadiu a casa do rio.
Nada está fora de ordem. É natural que o rio devolva o que não é seu. A César o que é de César!
Lembras do Homem?