Ela é tempestade e calmaria

Cássia não é só doçura e leveza. Às vezes a raiva a domina e ela não consegue esconder de ninguém como isso a deixa furiosa. De repente, tudo é nada para ela. Olha para as pessoas que ama e perfura-as com seu olhar duro como ponta de peixeira. Não é capaz de lhes sorrir, não é capaz de lhes ser cordial. Ela acha que foi a raiva que lhe fez o diabetes, há alguns anos. Ela sabe o quão corrosivo podem ser os efeitos colaterais da raiva. A raiva morde, como o cão adoecido de raiva. Ela espedaça Cassia por dentro. Seu coração grande murcha, como uma flor que recebeu mau-olhado. Sua testa faz uma ruga como uma profunda cicatriz. Seus pensamentos são turvos como um rio lamacento, um rio intermitente. Mas Cassia tem raízes compridas e sedentas na fé. Ela conhece o antídoto para esse mal. Ela se ajoelha e junta suas mãos acostumadas ao trabalho. E faz uma prece bem assim: “Jesus, oleiro de mim! Se o barro que sou apodreceu e é fétido, quebra-me e faça-me de novo. E depois, coloca-me ao sol para secar. E que do novo vaso transborde apenas amor.”

Cassia Caryne
Enviado por Cassia Caryne em 22/07/2024
Código do texto: T8111988
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