LIBERDADE SEMPRE!
FASCISTINHAS E FASCISTÕES
Nelson Marzullo Tangerini
Pretendia parar de escrever e me contentar com o que tenho escrito ao longo desses quase 70 anos, mas sou um escritor que gosta de ouvir o barulho das ruas e o que as pessoas falam em supermercados, em festas, nas viagens de trem, de ônibus e de Uber. Pensava mesmo em me retirar do cenário literário. Confidenciei isso com um amigo, também escritor, e ele me respondeu que o cantor Frank Sinatra, The Voice, dizia a mesma coisa. E voltava.
O discurso que ouço, a todo instante, inclusive de cristãos, são pérolas de todo tipo: muitas delas elogiando a ditadura, a tortura, o general Ustra, o capitão. E percebo, então, que essa malta - muitas vezes letrada - deixou de ler: livros, jornais ou revistas. E deixou de acompanhar os telejornais. O conhecimento histórico ou filosófico é mínimo, o que me leva a crer que o Brasil desce a ladeira intelectualmente. Porque nunca vi o país tão idiotizado, alienado, fora da realidade.
Por exemplo: os fascistinhas, com pose de bons moços, de direita light e bem comportados, como não têm, em sua maioria, intimidade com os livros, vivem repetindo essa ladainha da moda: "Agora, por sermos de direita, somos chamados de extrema direita". E isso tem lógica, porque estarão sempre defendendo os conservadores e os golpistas. Um exemplo disso são os governadores de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, que, sem escrúpulos, sobem no palanque com o pior presidente que já passou pelo Brasil.
Para os fascistas e fascistinhas (pessoas também de extrema direita), comunista é todo aquele que defende a democracia, os direitos humanos, o meio ambiente e a ciência, fazendo com que qualquer dúvida se desmanche no ar: porque a direita é extrema direita sob a pelagem do falso cordeiro. E é assim que ela se apresenta, e não podemos cair novamente no conto do vigário. Assim Mussolini e Hitler se apresentaram ao povo descerebrado.
Inimigos da liberdade, fantasiam-se, também, de democratas e se dizem perseguidos pelo atual governo, acusando-o de “uma ditadura comunista”. Já vimos esse filme, nos primeiros meses de 1964. Hoje, com a internet e toda essa tecnologia, como a AI, por exemplo, distribuem fakenews, com a intenção de reviver os anos de trevas em que o Brasil esteve mergulhado.
Sabemos que uma emissora brasileira apoiou integralmente os anos de chumbo, o que merece críticas, mas há outras que entopem a mente dos conservadores e da extrema direita com assaltos e assassinatos nas ruas das grandes cidades.
Há outra maneira de abordar este assunto, pois qualquer pessoa com conhecimento histórico, sabe que o problema é social.
O telejornalismo dessas emissoras, comprometidas com pessoas retrógradas, é de péssima qualidade. Agindo assim, se esquivam de noticiar a roubalheira da família e dos amigos do capitão. Pouco se aprofundaram (ou nunca se aprofundam) em notícias como os 39 quilos de cocaína num avião da FAB, a tentativa de golpe em 8 de janeiro de 2023, a rachadinha de um dos filhotes do imbrochável, a venda de joias, a ABIN paralela, entre outros graves escândalos. Outrossim, com esse falso jornalismo, fomentam a revolta nos conservadores, que, depois, sairão por aí dizendo que precisamos de um regime forte e truculento.
O escritor que não se deixou alienar, acaba, por fim, mergulhando novamente na escrita, acreditando ainda que a Literatura e a História (detentora da memória política, científica ou artística da humanidade) possam ainda salvar o mundo do nazifascismo. Esse rio não será o mesmo rio, dentro de instantes, mas mergulhar nele nos faz acreditar que novas águas, límpidas, possam banhar a futura geração.
LIBERDADE SEMPRE!