Casa do Artistas

Pode ter sido um mal entendido de quem assistiu.Todavia vale registrar.

Dona Maria assitia ao jornal local,

Quando viu uma reportagem num dos asilos de Belém, onde uma senhora por nome Glória apelava:

- Pelo amor de Deus, me tirem daqui.

- Filha eu estou aqui. Vem me levar contigo. Me deixaram aqui.

Como disse antes, pode ter sido ilusão de ótica ou do coração. Mas quem será, que iriam mesmo se enganar?...

O fato que dona Maria falou pra Margarida sua irmã, que falo pra Raimunda e todos  na rua, quem a conhecia ficou sabendo, porém ninguém procurou informações mais contundentes.  Deixando o caso, como tantos outros, principalmente de família, o tempo e o vento se encarregar.

Passado uns meses, qual este que vos fala não sabe precisar...

Chegou ao ouvido de outra Maria...a Mariazinha do tio Bena, que  conhecia a dona Glória.

Perguntou então comovida  a dona Maria do seu Mário, como se tratavam para diferenciar :

- Dona Maria não me diga isso. Dona Glória uma mulher tão paciente, sofrida e boa.O que será que aconteceu?...

Respostas diante do fato acontecido fora do bedelho dos moradores dos arredores da família normalmente caem em conjecturas ou suposições sem uma precisão adequada.

Mesmo assim  Mariazinha após a conversa com a dona Maria do seu Mário conversou com o seu filho e juntos, forjados pela sensibilidade e solidariedade humana na manhã do dia seguinte rumaram a procurar em alguns asilos  sem sucesso.

No imaginário popular ficou a sensação estranha de não poderem ajudar... caindo numa lenda urbana dos moradores que conheceram aquela frágil senhora.

Aliás Dona Glória era uma senhora negra esguiazinha, vestida de maneira simples num estampado azul com flores brancas, cujos olhos castanhos claros falavam de uma tristeza, a sustentar os  óculos redondos  de intelectual  sobre a cabeça grisalha e bastante sofrida, pelas adversidades, as vezes comuns aos mortais.

Com passos lentos, talvez por causa da idade sob uma voz doce e meiga, que apresentada  confortava o próprio silêncio.

Na icognografia da situação ficou apenas a lembrança marcando o juízo do que não se entende.

O tempo mais uma vez passou...

E hoje remoendo a memória deparei com essa história, que faz pensar em quantas pessoas, tesouros em vida, muitos avós, que foram mães e pais, e são abandonadas como brinquedos fora de época.

Num tempo de agora, se me permitem os clientes desse palco afora procurem agora as diversas Glórias  dos seus jardins.