Rubem Alves tem razão(Que redundância)
No livro Conversa com quem gosta de ensinar o autor fala de como a educação vem se tornando estéril. Afirma isso construindo uma metáfora genial entre uma floresta tropical e uma plantação de eucalipto.
Na primeira, tudo está desordenadamente divino. Não há medidas iguais de espaço e a vida é abundante em cada metro quadrado de floresta.
Na plantação de eucalipto ocorre a divisão igual do espaço, aliás, tudo é igual nesse deserto verde que tanto "contemplamos" nas estradas brasileiras, fruto do dantesco artista agronegócio. Ao contrário da floresta, não há vida entre os eucaliptos e sim o vazio promovido pela devastação da mata em prol de um desenvolvimento destrutivista.
Nessa metáfora genial do Mestre Rubem Alves podemos sentir uma crítica forte ao estilo de visa similar e descartável que levamos, crítica que aumenta de alcance e se multiplica em vários segmentos em que cabe essa reflexão.
De algum tempo pra cá existe uma tentativa midiática, consumista na nossa infraestrutura, como diria Marx, em nos tornarmos iguais como os eucaliptos. Uma homogeneização pobre que tolhe raízes e antenas nos seres. Nunca fomos tão comunicáveis e nunca dissemos tão pouco.
Esse processo de pluralização de cascas iguais vêm atacando justamente artistas e é na arte que há o de mais contestatário numa sociedade. Todo artista tem como vetor a inconformação com uma realidade adversa.
O ataque sistemático a áreas não tão rentáveis e de cunho reflexivo e filosófico desemboca na compreensão de que estão colocando cimento no jardim do pensamento.
Pessoas cinzas normais são pessoas coloridas, pessoas que produzem realidades mais condizentes com o progresso da alma humana. Acredito que esse é o caminho. A arte, o pensamento, a reflexão são vias para um mundo mais sábio e plural. Não devemos e nem podemos pensar que o mundo preto e branco, com seus eucaliptos milimetricamente postos produzirão horizontes mais profundos. O caminho não é a truculência, o caminho é a comunhão de ideias disformes e edificantes.
Homenagem a Rubem Alves, falecido há dez anos.