Batendo em velhas e surradas teclas

 

“Os horrores das guerras mais recentes demonstram, à saciedade, que o crescimento acelerado das ciências e das técnicas não se fez acompanhar de um desenvolvimento paralelo no campo da Moral”, escreveu, faz anos, Tarcísio Burity, no prefácio do livro Direito Médico, de Genival Veloso de França. Perfeito, irretocável! Passaram-se anos, mas pouco mudou, senão para pior, no campo da Moral.

 

Haverá eleições em 2018, mas não vejo boas perspectivas, porque as pessoas não mudaram. Isso é óbvio demais? Sim, mas é verdade. A culpa pela perpetuação dos corruptos é do povo, que é corrupto também. Se alguém pensa diferentemente, me convença.

 

Cada candidato tem apenas um título eleitoral, mas recebe centenas, milhares, milhões de votos nas urnas. Quem elege os políticos, corruptos ou não, são as centenas, milhares, milhões de eleitores que neles votam, eleitores tão corruptos quanto os políticos corruptos a quem elegem. É muito simples, não precisa de lucubração.

 

À moral e à ética! Cada um julgue a si mesmo e somente depois faça juízo sobre os outros, do mais simples ao mais complexo. Não basta – porque não resolve – enxergar e até combater a corrupção do outro: é preciso ser ético, agir moralmente, cada um por si mesmo.

 

“Moral é um verbo que se conjuga no singular” – alguém já ensinou, irônica e sabiamente.  Claro que moral é substantivo, não é verbo. Entenda-se, pois, o que é dito. E que é moral? “Moral é a reflexão a respeito da própria conduta”, leciona o professor. E ética? “Ética é a reflexão a respeito da moral”, diz alguém que lhe foi aluno, com quem aprendi. Tudo muito simples de entender, embora não de fazer.

 

Os tempos no Brasil são angustiantes e assustadores, porque a moral caiu em desuso e a ética já não tem lugar nem sentido para muitos. É preciso mudar urgentemente e sem apelar para heróis ou salvadores da Pátria, porque os tais não existem. Os heróis criados são falsos, tais quais estátuas de ferro com os pés de barro. Não vê isso quem não o quer ver.

 

Já vi, nem faz muito tempo, um político de carreira, corruptozinho de meia-tigela que mesmo assim sempre se dá bem, dizer com arrogância e, ao seu ver, com laivos de sabedoria: “Meu amigo, é proibido proibir. O que é imoral para você pode não ser imoral para mim.” O diabo que te carregue com a tua safadeza, ó infeliz! É preciso proibir, sim, e fiscalizar o cumprimento das proibições.

 

Na intimidade e na vida privada, pode-se o que não é proibido. Na vida pública, legalidade e moralidade, sem prejuízo dos outros princípios constitucionais, são o básico. Que moralidade? Talvez alguém pergunte. A moralidade do homem comum, respondo. Não precisa complicar. Na condução da coisa pública, é republicano, é moral e ético tudo que não se precisa fazer às escondidas. Há, evidentemente, o legal que não é moral, mas isso já é outra história.