Suíte Nupcial

- Vivam os noivos! – disse um homem calvo.

- Viva! Viva! Dizia todos.

- Pare agora esse casamento! – disse uma mulher.

Maria Eduarda estava se casando pela segunda vez. A primeira foi com Umberto, que a traiu com uma mulher mais velha. Agora estava com quem ela dizia ser o amor de sua vida: Jorge, alto, loiro e rico. Após quatro meses de namoro conseguia finalmente dar o golpe nele. Viviam juntos há três dias. Duda ciumenta, Jorge desorganizado. Moravam em um singelo apartamento na paulista, com vista para um banco, que dias atrás tinha sido assaltado. Duda acreditava que Jorge tinha um caso com sua recém-vizinha: Laura, mãe solteira.

Laura estava separada de Manoel fazia três meses. Vivia com seu filho que ficava na creche o dia inteiro. Descia no elevador todo dia às sete. Duda, já desconfiada saia de seu apartamento seis e quarenta e cinco e ficava na portaria acompanhando cada passo de Laura. Ela percebia a perseguição de Duda e fingia não ver. Oito horas. Jorge acorda e estranha não ver Duda em casa, liga em seu celular. Caixa de mensagens. Decide descer e perguntar ao porteiro.

- O senhor viu a Duda?

- Não. – disse o porteiro desviando o olhar de uma revista erótica.

Subiu as escadas de pantufa e bateu a porta.

-Ah! Peguei-lhe no flagra, não é? – disse Duda, que estava escondida atrás da porta da lavanderia.

- Não é nada disso que você está pensando. – disse Jorge num tom de preocupação.

- Não é mesmo, e sim muito mais. Pode assumir seu caso com aquela ordinária. – disse.

- Olha estou indo trabalhar, adeus. – disse Jorge indo a direção ao quarto se trocar.

Duda o seguiu e começou a gritar com Jorge que saiu sem falar nada. Táxi.

- Motorista, segue aquele carro. – disse Duda educadamente.

Duda percebeu que o carro de Jorge estava indo em direção a creche do filho de Laura.

Jorge parou, Laura entrou com o seu filho. Duda desceu do carro e bateu na porta do carro de Jorge, que assustado abriu.

- Eu sabia Jorge. Tudo era verdade. – disse.

- Sabia o quê. Você ta ficando louca. – disse num tom irônico.

Laura desceu do carro e disse:

- Toma fica com seu filho. Não sei por que eu aceitei que você pagasse o aluguel de nossa suíte logo no mesmo condomínio que essa louca. Adeus.

Laura foi embora deixando Duda, boquiaberta; Jorge, preocupado; e seu filho chorando.

- Bem... Agora temos um filho. – disse Jorge.

- É. – disse Duda.