O campinho verde
Da porta da minha sala de aula há uma janela, ao olhar por ela eu avisto sempre um campinho verde, é um morro, um pasto, e lá sempre estar a pastar um cavalo branco no meio da tarde.
Minha sala de aula esse horário as vezes é um caos, a turma em si é bem tranquilinha, mas tenho dois alunos especiais que por vezes choram, gritam, brigam entre si, e fica difícil prosseguir com a aula em meio aos gritos, choros, mordidas, puxões de cabelo. Nem sempre em mim, na maior parte da vezes nas professoras adjuntas que trabalham comigo ou mesmo entre os dois alunos especiais que vira e mexe estão brigando. E ao tentar separar as brigas nos tornamos alvos também. Sem contar os demais alunos que são tranquilos, mas sempre tem um ou outro que acaba aproveitando pra desobeder também.
Tem sido complicado, as vezes sinto minhas energias esgotadas e sem voz.
Ainda assim, Deus tem sido bom!
Muitas vezes em meio ao caos, olho o campinho verde, aquele pedaço de pasto do outro lado da rua escondido entre as casas da rua e o muro da escola.
Aquele pedacinho de verde e o cavalo branco me fazem respirar de novo, em minha mente me coloco lá, fujo por alguns instantes da sala de aula, sinto o vento, recupero a voz e prossigo, ensino o dever, corrijo as lições, canto musiquinha, brincamos e finalmente é cinco horas, hora de ir pra casa.
Me lembro da pandemia, das aulas online, me lembro da pomba branca na laje do vizinho, era uma sentimento parecido, de esperança. De que vai passar.
Tudo passa!
Não estou sozinha, Ele cuida de tudo e de mim também. Agradeço e sigo sabendo que tudo está debaixo do amparo dEle.