Receita Caseira

Eu estava lá  na rua empinando uma curica, quando ela deu uma rabiada e trançou no fio de energia da Celpa. Me apressei em amarrar um bode, pra ver se a tirava daquele enlace, pois queria aproveitar o vento carregado de folhas e poeira, quando  sentir  uma moleza tomar o meu corpo.

Olhei  na direção do sol, por entre as frestas do portão da vila e  vi o sol amarelo desquarado. Pronto já comecei a me sentir estranho.

Imediatamente enrrolei a linha,   larguei a minha curica enrrolada no fio e fui direto pra casa.

Chegando de mansinho, observei a vovó lavando louça no jiral falando pra mim:

- Meu filho chega de rua. Vá tomar banho, que a tua mãe tá pra chegar.

Obeientemente, anormal, fui pra única torneira da vila e lá chegando me molhei sentindo a água doer na pele.

Após o banho procurei a rede e me deitei. A chuva e a noite vieram depressa com o a festa dos sapos nos lagos ao redor, com os grilos garritando em conjunto com as cigarras e os pássaros nas árvores.

Logo que a chuva desrriçou sobre o telhado eu ja ardia em febre.

Vovó me vendo quietinho logo falou:

- Deves estar doente, pra estar assim quietinho.

Aquela negra  de cabelos de algodão e mãos  macias carinhosamente se assentou ao meu lado na rede e sob a luz do candeeiro, que já se fazia presente naquele cômodo começou a contar histórias.

A minha cabeça doia, o meu corpo febril respondia, mas eu a ouvia como a embarcar nas aventuras.

Ao som tamborilante das gotas de chuva na latinha do quintal, que harmonizavam com o ruido da escapula me fazia quase dormir, mas eu queria ver minha mãe chegar.

Sem precisar a hora, ela entrou e ao me ver ali perguntou:

- Mãe o que houve com o Betinho?...

E ela respondeu:

- Está ardendo em febre.

Ela continuou:

- A senhora deu algum remédio pra ele.

Sacudindo a cabeça pra economízar o tempo , vovó disse não.

Ela se voltando pra mim perguntou: - Você foi pra rua?...

Que eu sem saída disse:

- Fui mãe.

Ate tentei justificar, mas ela não quis ouvir.

Por experiência, como um médico,

Examinou minha garganta e viu que ela estava inflamada. Pegou o termometro e mediu a minha temperatura, assim falou:

- É a garganta,  vamos curar logo pra amanhecer bem pra ir a aula.

Quando ela falou curar a garganta me desesperei, pois sabia o que ne esperava.

Enquanto o tempo passava ela se preparava e eu ficava num desconforto, numa ansiedade, como a esperar por algo imensamrnte ruim acontecer, sem poder interferir de nemhum jeito.

Ela entrou num rito... pegou azeite de andiroba, copaiba e sal. Pôs num pires misturou e amassou o alho. Em seguida aqueceu a banda de limão no velho fogão jangadeiro, o espremeu naquela mistura e

depois envolveu no indicador da mão direita uma parte de algodão, que umideceu naquela gororoba.

Em seguida mandou-me abrir a boca e dizer aa.

Nisso enfiou o dedo melecado na minha boca massageando as minhas amidalas.

Quis chorar, quis  vomitar, mas ela mandava eu engolir aquele fel.

Depois, quando a chuva já aquietava ela jogou o algodao melecado no cercado de madeira.Assomando aos outros, que estavam por lá.

Vovó me deu um torrão de açucar pra amenizar o gosto horrivel da andiroba e da copaiba.

No entanto, logo que amanheceu o dia eu já estava me arrumando pra ir a escola.