No tempo das Avós

- Albertinho...

-Higino...

- Júnior... olhem a chuva...entrem pra vocês não adoeceram.

Assim se esvaia aquela velha senhora, a gritar da janela,  para eles entrarem e sairem da chuva, que cobria Belém.

Enquanto eles sem dar a mínima,  mergulhavam nos camburões até a boca de água , sob a biqueira das casas; Enquanto eles

macaquiavam a correr e pular sob os pingos  suntuosos;

Enquanto eles subiam nas árvores a comer as frutas e gritarem feitos periquito sem donos.

Assim também a chuva passava, a tarde adormecia nos primeiros sinais da noite singela e eles encharcados e satisfeitos finalmente obedeciam.

Acontecia, que eles nessa atônita aventura, quase sempre, como era,  e é típico das crianças esqueciam, que o excesso trás consequências.

E não demorava muito pra que no outro dia o resultado viesse avassalador.

Albertinho, trazia consigo a ideia de que quando via o sol da tarde  amarelo desquarado,  podia contar , adoecia. Por sua vez Higino, que eram um dos  mais melindrosos, num piscar de olhos  estava arriado na rede com febre. Júnior, este último resistia firme até que no terceiro dia não conseguia superar a mazela e enfermo também caia.

Os três boêmios das tardes chuvosas agora choravam com dores de garganta  e a febre alta, identificada no velho termômetro de mercúrio, que parecia aquecer a borda dos olhos.

Sob o ninar e a chamada de atenção da mãe, cada um fazia o seu dengo...

Enquanto aquela velha e sábia senhora , na cozinha silenciosa preparava das suas.

Eles embora fregueses de tantas outras situações, se distraiam com o mal estar, que nem lembravam do que os esperava.

É  verdade, que eram lhes feito as vontades... pirulito, maçã e algumas guloseimas pra se alegrarem.

Porém pra asselerar a cura,  medidas eram tomadas, que os lerdos ouvidos dos enfermos nem sempre capitavam.

A mãe com a a avó confabulavam e chegavam as primeiras medidas.

Normalmente ao fim da tarde, quando a mãe chegava do trabalho. A vó já começava os preparativos... colocando num pires azeite de andiroba, copaiba, sal , alho amassado com gotas de limão queimado no garfo.

Em seguida ambas, mãe e avó enrroscavam algodão no dedo indicador, melada naquela gororoba  e um a um visitavam na rede falando carinhosamente:

- Albertinho, Higino, Júnior meus filhos abram a boca?

A resistência era patente, mas a ameaça das palmadas era mais do que persuasiva.

Sob a luz da lamparina , a  vó segurava e a mãe introduzia aquele dedo, envolto no algodão, todo ensopado de andiroba, copaiba, sal, alho e limão na garganta inflamada...

Dizendo ela assim:

- bora menino abre a boca e diz aa aa...

Assim acontecia pra cada um dos aventureiros, que só faltavam colocar os bofes pra fora.

O choro era inevitável, a ânsia de vômito um translado, que tinha que ser como um rito nas várias casas.

Quem dali no outro dia evoluía saia animado.Mas quem permanecia no quadro de molestia, seguia pra outra medida. O remédio para todos os males...a temida e infalível bezetacil...

A injeção, que de praxe era bastante dolorida e  costumava deixar as crianças alguns dias com a perna sem poder mexer.