Os poetas e os loucos

Estive pensando. Coisa rara em minha vida. Nesses momentos de lucidez tento agarrar o que chega tão abruptamente em minhas entranhas sem pedir licença ou bater na porta. Me encanto quando a poesia aflora e me faz derramar um pote de lágrimas. Tento separar o joio do trigo uma tarefa muito complicada.

Hoje como não era de se esperar, ganhei um livro de um poeta russo. Fiquei maravilhado. Sai correndo em busca de outros escritores da mesma nacionalidade para conhecer de perto suas histórias. Elas me fascinaram mais do que os seus poemas. Porém, tive vontade de vomitar. É incrível o que li sobre suas mortes. Sempre digo para mim mesmo que não sei a verdade sobre nada nesta vida. Chego a pensar que não existo, que sou uma esfinge com corpo de leão.

É curioso que alguns deles tenham morrido tão cedo e de forma tão mal contada. Penso que não pode ser verdadeiro o que li. Dizem que em 28 de dezembro de 1925, o corpo do poeta Serguêi Iessiênin foi encontrado pendurado em uma sala do Hotel Angleterre em Leningrado e que no dia anterior ele enviou uma carta a um amigo com um poema escrito com o seu sangue que dizia: "Morrer, nesta vida, não é novo. E viver é menos novo, é claro". No entanto, há outra versão, apoiada por muitos especialistas, segundo a qual o poeta foi morto por forças de segurança soviéticas.

A violência com os poetas não é um privilégio russo. Em 19 de agosto de 1936, o poeta espanhol Federico García Lorca foi fuzilado pelos franquistas na Espanha. O seu engajamento pelos mais desfavorecidos e a homossexualidade custaram a sua vida aos 37 anos. "Seus algozes temiam muito mais a sua caneta do que a possibilidade de ele empunhar uma arma".

Tenho dito que escrever é um ato de loucura. Pelo visto e lido a poesia era a porta de entrada dos necrotérios. Isso me fez lembrar Platão: "Todos os poetas são imitadores de fantasmas e jamais chegam à realidade". Por isso meus irmãos se me encontrarem curado dessa loucura, tenham a certeza que vocês estão diante de um fantasma.

Mesmo que eu seja criticado pelos meus versos, acho que vale a pena ser poeta. Se eu estiver errado, corrija enquanto é tempo.

... E viva a poesia!!!

Pedro Cardoso DF
Enviado por Pedro Cardoso DF em 15/07/2024
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