Bárbaros, barbárie e civilização.

Bárbaros eram todos aqueles que não partilhavam de seus idiomas e culturas, eis a visão dos gregos e romanos.  Para os romanos, os germânicos tiveram grande importância e habitavam o norte do Velho Mundo, em uma região denominada de Germânia.

Os germanos eram formados por diversos povos e, a partir do século III d.C., começaram migrar e invadira s terras do Império Romano do Ocidente.

A origem da palavra bárbara é grega para se referir a todos os povos que não falavam o idioma grego e, não compartilhavam da mesma cultura, organização social e política dos gregos. E, expressava seu desprezo pelas culturas alheias, indicando que eram atrasados e inferiores.

A primeira menção da palavra bárbaro está registrada na Ilíada escrita por Homero. Servia de critério de diferenciação entre gregos e não gregos.

É fato que o termo galgou um sentido estereotipado e até agressivo e hostil, particularmente, a partir das Guerras Médicas e, assim, o bárbaros se tornaram sinônimo de tudo que era indesejado e foram vistos como incultos e incivilizados.

O primeiro dos povos a ser chamado de bárbaro na perspectiva grega foi o persa. Porém, a mesma designação foi usada por outros povos como os egípcios, celtas, fenícios e tantos outros.

O vocábulo bárbaro oriundo da sonoridade “bar bar bar “sendo assim uma reduplicação onomatopaica, segundo a pesquisadora Ioannis Petropoulos (vide em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/ellinikovlemma/article/view/33684/23848).

Registre-se ainda que existiam conflitos entre os germânicos e o historiador romano Tácito que registro como os desentendimentos entre os povos bárbaros facilitavam o labor de assimilação e conquista realizado pelos romanos.

Aliás, a relação entre romanos e germânicos sempre foi conturbada e nada pacífica, e um dos exemplo foi a Batalha da Floresta de Teutoburgo que aconteceu em 9 d.C. Nessa batalha, os romanos liderados por Públio Quintílio Varo sofreram uma das mais graves derrotas quando três legiões romanas foram destruídas por Armínio, líder dos queruscos.

"Com isso, diferentes povos estabeleceram-se em diferentes locais do Império Romano do Ocidente. Anglos e saxões foram para a Bretanha; francos estabeleceram-se na Gália; visigodos e suevos, na Península Ibérica; vândalos, no norte da África; ostrogodos, no norte da Península Itálica”.

O estabelecimento dos reinos germânicos contribuiu para acelerar o processo de assimilação cultural de romanos e germânicos que marcou a Europa na Idade Média.

"Até o século III d.C., os povos germânicos ficavam em limes, região fronteiriça do Império Romano. A partir desse século, os diferentes povos germânicos começaram a mover-se e a migrar para dentro das terras romanas. Isso acabou precipitando o fim do Império Romano do Ocidente, uma vez que nessas terras estabeleceram-se diferentes povos estrangeiros.

Os historiadores especulam que três fatores podem ter sido cruciais para as migrações germânicas. Havia a procura por terras mais férteis e a procura por locais com climas mais amenos para que pudessem estabelecer-se. Por fim, a chegada dos hunos, um povo vindo da Ásia Central, teria sido o terceiro fator. Os hunos eram temidos, e sua chegada teria disseminado pânico e feito com que diferentes povos começassem a migrar para fugir deles."

De certo, a decadência do Império Romano do Ocidente foi dinamizada em razão de povos bárbaros. As principais nações germânicas eram: visigodos, ostrogodos, vândalos, bretões, saxões, francos e etc. 

Entre os povos germanos foi o mais significativo para a formação da Europa Feudal. Sua organização política dos germanos era bastante simples, e quando em paz eram governados por assembleia de guerreiros, formada pelos homens da tribo em idade adulto. Tal assembleia não tinha poderes legislativos e suas funções se restringiam à interpretação dos costumes. Também decidia as questões de guerra e de paz, ou se a tribo deveria migrar para outra localidade.

Já em tempo de guerra, a tribo era governada por uma instituição denominada comitatus. E, era a reunião de guerreiros em torno de um líder militar, ao qual todos deveriam total obediência. E, esse líder, era eleitor e tomava o título de Herzog.

Na maior parte do tempo os germanos vivam de uma agricultura rudimentar, da caça e da pesca. E, por não dominarem bem as técnicas agrícolas, eram seminômades, pois não sabiam reaproveitar o solo cansado das plantações. A propriedade da terra era coletiva e quase todo trabalho era executado pelas mulheres. E, quanto aos homens quando não estavam caçando ou lutando, gastavam seu tempo embriagando-se ou simplesmente dormindo.

Tinham uma religião politeísta e adoravam as forças da natureza. Seus principais deuses eram: Odin, protetor dos guerreiros. Thor, o deus do trovão, Fréia, a deusa do amor. E, acreditavam que somente os guerreiros mortos em combate iriam para o Vallhala, uma espécie de paraíso.

Aliás, as Valquírias que eram as mensageiras de Odin visitavam os campo de batalha, carregando os mortos. As pessoas que morriam de velhice ou de doenças iriam para o reino do Hell, onde só existia trevas e muito frio e solidão.

Devido à expansão do Império Romano, a partir do século I, os romanos mantinham contato pacífico com povos bárbaros, principalmente os germanos. Muitos desses povos migraram para o Império Romano e chegaram a ser utilizados no exército como mercenários.

Porém, no século V, os germanos foram pressionados pelos belicosos hunos[1]. Os hunos, de origem asiática, deslocaram-se em direção à Europa e atacaram os germanos, levando-os a fugir. Estes, acabaram por invadir o Império Romano, que enfraquecido pelas crises e guerras internas, não resistiu às invasões e decaiu. No antigo mundo romano nasceram vários reinos bárbaros.

"(...) Não têm eles (os hunos) necessidade de fogo nem de comidas temperadas, mas vivem de raízes selvagens e de toda espécie de carne que comem meio crua, depois de tê-la aquecido levemente sentando-se em cima durante algum tempo quando estão a cavalo. Não têm casas, não se encontra entre eles nem mesmo uma cabana coberta de caniço. Vestem-se panos ou peles de ratos do campo. (...) Nenhum cultiva a terra nem toca mesmo um arado. Sem morada fixa, sem casas, erram por todos os lados e parecem sempre fugir com as suas carriolas. Como animais desprovidos de razão, ignoram inteiramente o que é o bem e o que é o mal; não têm religião, nem superstições; nada iguala sua paixão pelo ouro.".

Reinos dos Visigodos[2]: situado na península ibérica, era o mais antigo e extenso. Os visigodos ocupavam estrategicamente a ligação entre o Mar Mediterrâneo e o oceano Atlântico, que lhes permitia a supremacia comercial entre a Europa continental e insular.

Reino dos Ostrogodos[3]: localizam-se na península Itálica. Os ostrogodos se esforçaram para salvaguardar o patrimônio artístico-cultural de Roma. Restauraram vários monumentos, para manter viva a memória romana. Conservaram a organização político-administrativa imperial, o Senado, os funcionários públicos romanos e os militares godos.

Reino do Vândalos[4]: o povo vândalo atravessou a Europa e fixou-se no norte da África. Nesse reino houve perseguição aos cristãos, cujo resultado foi a migração em massa para outros reinos, provocando falta de trabalhadores, e uma diminuição da produção[5].

Reino dos Suevos[6]: surgiu a oeste da península Ibérica e os suevos viviam da pesca e da agricultura. No final do século VI, o reino foi absorvido pelos visigodos, que passaram a dominar toda península.

Reino dos Borgúndios[7]: os borgúndios migraram da Escandinávia, dominaram o vale do Ródano até Avinhão, onde fundaram o seu reino. Em meados do século VI, os borgúndios foram dominados pelos francos.

Reino do Anglo-Saxões[8]: surgiu em 571, quando os saxões venceram os bretões e consolidaram-se na região da Bretanha.

No processo de invasão e formação dos reinos bárbaros, deu-se ao mesmo tempo, a "barbarização" das populações romanas e a "romanização" dos bárbaros. Na economia, a Europa adotou as práticas econômicas germânicas, voltada para a agricultura, ode o comércio era de pequena importância.

Apesar de dominadores, os bárbaros não tentaram destruir os resquícios da cultura romana; ao contrário, em vários aspectos assimilaram-na e revigoraram-na. Isso se deu, por exemplo, na organização política. Eles que tinham uma primitiva organização tribal, adotaram parcialmente a instituição monárquica, além de alguns mecanismos e normas de administração romana.

Muitos povos bárbaros adotaram o latim com língua oficial. Os novos reinos converteram-se progressivamente ao catolicismo e aceitaram a autoridade da Igreja Católica, à cabeça da qual se encontrava o bispo de Roma.

Com a ruptura da antiga unidade romana, a Igreja Católica tornou-se a única instituição universal europeia. Essa situação lhe deu uma posição invejável durante todo o medievalismo europeu.

A Idade Média foi um período histórico que durou cerca de mil anos, iniciando-se em 476 com a queda do Império Romano do Ocidente e terminando em 1453 com a queda do Império Bizantino.

Os povos bárbaros foram grupos étnicos que invadiram o Império Romano, contribuindo para a sua queda e dando início à Idade Média.

Entre os principais povos bárbaros estão os visigodos, ostrogodos, hunos, francos, anglo-saxões e vikings. Cada povo bárbaro tinha sua própria cultura, língua e costumes, mas todos eram considerados “bárbaros” pelos romanos por não seguirem as tradições e leis romanas.

Os bárbaros foram responsáveis por muitas mudanças na Europa durante a Idade Média, incluindo a formação de novos reinos e a disseminação do cristianismo.

Apesar de muitos estereótipos negativos associados aos povos bárbaros, eles também contribuíram para a cultura europeia, trazendo novas formas de arte, música e literatura.

A Idade Média não foi um período de escuridão e ignorância como muitas vezes é retratado, mas sim, um período de mudanças significativas na história europeia.

As invasões bárbaras tiveram um grande impacto na sociedade medieval. Elas causaram a queda do Império Romano do Ocidente e levaram à formação de novos reinos bárbaros na Europa. Essa instabilidade política também contribuiu para o surgimento do feudalismo, sistema que dominou a Europa medieval por muitos séculos.

Os bárbaros também deixaram uma marca cultural na Idade Média. Eles trouxeram novas técnicas de agricultura, metalurgia e construção, além de influenciarem a língua e a religião dos povos europeus. Muitas tradições e costumes medievais têm origem nas culturas bárbaras.

A religião dos povos bárbaros também foi importante na história medieval. Muitos deles eram pagãos e adoravam divindades da natureza, mas com o tempo foram se convertendo ao cristianismo. Essa conversão teve um grande impacto na fé cristã, pois os bárbaros trouxeram uma nova perspectiva sobre a religião.

Por fim, o legado deixado pelos povos bárbaros na história europeia e ocidental é inegável. Eles foram responsáveis por moldar a Europa medieval e deixaram uma marca cultural que ainda é sentida nos dias de hoje. Sem os bárbaros, a história da Idade Média seria muito diferente.

Visigodos[9]: Povo germânico que se estabeleceu na Península Ibérica após a queda do Império Romano. Eram cristãos arianos e tinham uma sociedade dividida em nobres e camponeses.          Contribuíram para a formação da língua espanhola e deixaram um legado arquitetônico, como a Igreja de São João Batista em Baños de Cerrato.

Francos[10]:  Povo germânico que se estabeleceu na região da atual França. Tinham uma sociedade dividida em nobres e camponeses e eram cristãos católicos[11].   Contribuíram para a formação da língua francesa e deixaram um legado arquitetônico, como a Catedral de Reims.

Anglo-Saxões:    Povo germânico que se estabeleceu na Inglaterra após a queda do Império Romano. Tinham uma sociedade dividida em nobres e camponeses e eram politeístas. Contribuíram para a formação da língua inglesa e deixaram um legado arquitetônico, como a Abadia de Westminster.

Vikings[12]:    Povo nórdico que realizava incursões em diversos locais da Europa. Eram pagãos e tinham uma sociedade dividida em jarls (nobres), karls (camponeses) e thralls (escravos).   Contribuíram para a formação da língua inglesa e deixaram um legado arquitetônico, como o Castelo de Dublin.

Hunos[13]:     Povo nômade que realizava incursões em diversos locais da Europa e Ásia. Eram pagãos e tinham uma sociedade liderada por um rei.      Deixaram um legado cultural, como a música e a dança, e contribuíram para a formação da língua húngara.

Os reinos possuíam estrutura independente com administração própria. Esse sistema foi mantido durante parte da Idade Média. Os principais reinos bárbaros foram:

Reino dos Anglo-Saxões: localizado na faixa leste da Grã-Bretanha;

Reino dos Vândalos, localizado nas ilhas da Córsega, Sardenha e na costa norte da África. Atuavam sob a liderança de Genserico. Essa região, posteriormente, passou para o controle dos muçulmanos;

Reino dos Burgúdios, localizado na região central da Europa;

Reino dos Alamanos[14], onde atualmente é a República Tcheca;

Reino dos Suevos, ao noroeste da Península Ibérica;

Reino dos Ostrogodos onde atualmente é a Itália, Áustria, Sérvia, Eslovênia, Montenegro e Albânia. Estes buscaram manter as tradições romanas, mas quando o Império Bizantino conquistou a Itália, esta monarquia do rei Teodorico chegou ao fim.

Reino dos Francos, localizado onde atualmente é a França e a Bélgica. Este foi um dos principais durante a Alta Idade Média, essencialmente durante o reinado de Carlos Magno. Esse foi o que teve o maior tempo de duração e tornou-se posteriormente um império conhecido como Império Carolíngio.

O reino dos visigodos dominou a Espanha e todo o Sul da Gália, mas foram expulsos pelos Francos na Gália.

Referências

SILVA, Daniel Neves. "Bárbaros (povos germânicos)"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiag/os-barbaros.htm. Acesso em 18 de julho de 2023.

PETROPOULOS, Ioannis. Desconstruindo o conceito de bárbaro com a ajuda de Kaváfis. Disponível em: https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/ellinikovlemma/article/view/33684 Acesso em 12.7.2023.

LE GOFF, Jacques. A civilização do Ocidente medieval. Petrópolis: Vozes, 2016. p. 23-24.

GONÇALVES, Ana Teresa Marques. A construção da imagem do outro: romanos, germanos nas fronteiras do Império; uma análise da Germânia de Tácito". Disponível em: https://revistas.ufrj.br/index.php/phoinix/article/view/33420 Acesso em 12.7.2023.

 

 


[1] O Império Huno se consolidou quando chegou ao poder Átila. Este conseguiu promover a grande união de um estado huno e tornou-se um respeitado e corajoso imperador. Átila foi responsável por comandar grandes saques em territórios romanos, mantendo a grandeza e a imponência do Império Huno. A morte de Átila foi o necessária para iniciar a queda do Império Huno. Em 453 foi morto e logo se verificou um desmoronamento dos hunos. Átila foi sucedido por Ellak, que teve que encarar a fúria dos próprios filhos de Átila na disputa pelo trono. Em meio a um conflito interno, as tribos que haviam sido dominadas pelo Império Huno encontraram espaço para se rebelarem contra seus dominadores. Apenas um ano depois da morte do grande imperador Átila, os hunos foram derrotados na Batalha de Nedao. Ellak também perdeu o poder para um dos filhos de Átila que brigavam pelo poder, Dengizik, mas este acabou sendo o último imperador do Império Huno. No ano de 469 ele morreu e foi selado o fim de um importante império que marcou os séculos IV e V.

[2] Os Visigodos são um povo originário de uma divisão entre os Godos. Os Godos são um povo germânico de origem Escandinava que surgiu em torno do ano 200. Em pouco tempo migraram para o sul e atacaram o Império Romano e a Grécia. Os Visigodos foram um povo de origem germânica, que estavam presentes na região da Escandinávia e surgiram da divisão entre os Godos. Seu nome é uma forma de diferenciar-se dos ostrogodos (“godos do leste”). Eles eram povos considerados pagãos (ainda que tenham se tornado cristãos após o contato com o povo romano). Após o contato com o cristianismo, se convertem ao arianismo, acreditando que Cristo não tinha a mesma natureza de Deus (o que era considerado uma heresia, por meio do Concílio de Nicéia, em 325).

[3] Os ostrogodos eram um ramo dos godos, povo germânico que, segundo Jordanes, surgiu na região meridional da Escandinávia. Esse povo originalmente era um povo unificado mas acabou por dividir-se em dois ramos: visigodos (que significa "godos do oeste") e ostrogodos (que significa "godos do leste"). Em setembro de 476 d.C., o Império Romano na Europa ocidental, o superestado centralizado que havia existido por 500 anos, mas que estava desmoronando mediante invasões bárbaras, de ostrogodos e visigodos, deixou de existir.

[4] Supostamente do alemão antigo wandeln, "vagar". Uma das várias teorias sobre a origem do nome Andaluzia está ligado aos vândalos, que ocuparam a região (Alandalus sob o domínio muçulmano), na Península Ibérica temporariamente antes de migrarem para a África.

[5] "Os Vândalos foram um dos povos bárbaros que mais ficaram marcados na história como violentos e destruidores. Possivelmente originários da região da Escandinávia, eles adentraram o Império Romano por volta do final do século IV, percorrendo quase todo o território que hoje é conhecido como Europa, tendo seu fim no norte da África." "Os vândalos dividiam-se em dois grupos: os Silingos e os Asdingos. Os silingos habitavam a Magna Germânia, enquanto os asdingos descolocaram-se para o sul, entrando em confronto com o Império Romano. No século V, foram atacados pelos hunos e tiveram que se deslocar para o Oeste.”

 

[6] Os Suevos foram um povo de origem germânica que ocupava a região entre o rio Elba e Oder. Juntamente com povos de outras etnias, eles participaram da fundação da Suábia no território que hoje conhecemos como Alemanha. O reino foi fundado pelos Suevos, um povo de origem germânica que, no ano 409, invadiu a Península Ibérica juntamente com os Vândalos e os Alanos. Tendo ocupado inicialmente as regiões costeiras das províncias romanas da Galécia e do norte da Lusitânia e estabelecido a capital em Braga, o reino manteve a sua independência até 585, data em que foi anexado pelos Visigodos e convertido na sexta província do Reino Visigótico. Ao longo do século V o reino inicia uma série de campanhas militares bem sucedidas na Península Ibérica. Em 419, Hermerico controlava toda a província da Galécia. Durante o reinado de Réquila os suevos conquistaram algumas das mais importantes cidades romanas, como Mérida (439), capital da Lusitânia, Mértola (440) e Sevilha (441), capital da Hispânia Bética. No entanto, em 456 os suevos são derrotados por um exército de federados enviado pelo imperador Ávito (r. 455–456).

[7] O nome “Burgúndio” faz referência aos habitantes que ocupavam o território da Borgonha, o povo que recebeu esse nome é também conhecido como “os montanheses”. Os Burgúndios tiveram origem na Escandinávia e migraram para se instalarem na Gália e na Germânia durante o período do Baixo Império Romano. Os burgundos ou burgúndios eram uma tribo germânica. É o mais antigo povo germânico. conhecido de áreas a leste do rio Oder. Os burgúndios tinham uma tradição de origem escandinava. O nome antigo nórdico de Boríngia era Burgundarholm. De acordo com Jordanes, os godos derrotaram os burgúndios até que se estabeleceram nos estuários do rio Vístula e as expulsaram dali. Burgúndios viveram lá até que eles deixaram a área de 200. No baixo Império Romano, instalaram-se na Germânia e na Gália na qualidade de federados. Tendo procurado se estender na Bélgica, foram abatidos por Aécio em 436 e transferidos para Saboia. De lá, eles se espalharam nas bacias do Saône e do Ródano. Foram submetidos pelos francos em 532 e seu território foi reunido à Nêustria. Deram seu nome à Borgonha.

[8] Abrangendo de 410 até 1066 d.C, o período anglo-saxão da Grã-Bretanha foi uma época de guerra, batalhas contínuas e conversão religiosa. Ele testemunhou a divisão da Britânia romana em vários reinos antes que os anglo-saxões finalmente se unissem ao reino da Inglaterra. O desenvolvimento de uma identidade inglesa surgiu como resultado do desenvolvimento de uma identidade anglo-saxônica.

Os anglo-saxões eram principalmente migrantes do norte da Europa que interagiram uns com os outros, bem como com os grupos indígenas britânicos e, posteriormente, invasores vikings e dinamarqueses. Eles foram a força política dominante até a derrota do último rei anglo-saxão em 1066. Durante esse tempo, eles criaram uma identidade única e uma cultura material que refletia perfeitamente as numerosas e diversas influências que os forjaram.

[9] Sua origem está nas margens do Mar Negro, na atual Romênia, constituindo um dos vários povos germânicos (ou bárbaros) que ocuparam o território do Império Romano do Ocidente. Por volta dos séculos II e III, os godos abandonam seu território natal e se deslocam em direção a Roma, como um dos povos federados do Império. Alguns autores defendem a origem do nome "visigodo" na palavra Visi ou Wesa ("bom") e do nome Ostro, de astra (resplandecente). Mas a opinião mais consagrada considera a origem da palavra na denominação de "godos do oeste", do alemão "Westgoten", "Wisigoten" ou "Terwingen", por comparação com os ostrogodos ou "godos do leste" — em alemão "Greutungen", "Ostrogoten" ou "Ostgoten".

[10] Os povos francos eram constituídos por um grupo de tribos germânicas que habitavam o baixo e o médio Rio Reno por volta do século III d.C. Os francos foram a organização política mais poderosa da Europa Ocidental após a queda de Roma. A palavra franco significava "livre" na língua frâncica. A liberdade não se estendia às mulheres ou à população de escravos que se instalou junto com os francos livres. Inicialmente havia duas subdivisões principais entre os francos: os francos sálios ("salgado") e os ripuários ("rio"). Por volta do século IX essa divisão havia se tornado virtualmente inexistente, mas continuou por algum tempo a ter implicações para o sistema legal sob o qual a pessoa poderia ser julgada.

[11] Os francos formavam uma das tribos germânicas que adentraram o espaço do Império Romano a partir da Frísia como federados e estabeleceram um reino duradouro na área que cobre a maior parte da França dos dias de hoje e na região da Francônia na Alemanha, formando a semente histórica de ambos esses países modernos. A origem dos Francos ainda é um mistério para os pesquisadores. Não há consenso sobre sua primeira aparição na história, entretanto há versões que apontam algumas teses. Alguns acreditam que esse povo tenha se originado da unificação de pequenos grupos germânicos que habitavam o vale do Rio Reno. Outra corrente de estudiosos argumenta que os Francos são originários de uma região no Nordeste da Holanda. Sabe-se, contudo, que a palavra Franco significa livre na língua frâncica falada por esse povo. Uma liberdade que, como acontece quase sempre, não era acessível a todos. Mulheres e escravos não possuíam os mesmos direitos dos francos livres.

[12] O termo viking pode ter relação com a palavra nórdica vík, utilizada para se referir a pessoas da região de Viken, na Noruega. O termo pode ter relação com a palavra nórdica vík, também utilizada para se referir a pessoas que embarcavam em seus navios em baías. Viking (do nórdico antigo víkingr), ou aportuguesado como víquingue ou viquingue, é um termo habitualmente usado para se referir aos exploradores, guerreiros, comerciantes e piratas  nórdicos (escandinavos) que invadiram, exploraram e colonizaram grandes áreas da Europa e das ilhas do Atlântico Norte a partir do final do século VIII e até ao início do século XI. Os vikings usavam dracares para viajar do Próximo Oriente, como Constantinopla e o rio Volga, na Rússia, até o extremo ocidente, como a Islândia, Groenlândia e Terra Nova, e até o sul de Alandalus. Este período de expansão viking — conhecidos como a "era viking" — constitui uma parte importante da história medieval da Escandinávia, Grã-Bretanha, Irlanda e do resto da Europa em geral.

[13] O Império Huno foi muito marcante no século IV realizando grandes expedições na Europa e na Ásia. A origem dos Hunos não é comprovada entre os historiadores, acredita-se que tenha sido um povo formado por várias tribos nômades originárias da Ásia Central. Os hunos apareceram na Europa no século IV, aparentemente vindos da Ásia Central. Eles primeiro apareceram no norte do mar Negro, forçando um grande número de Godos a buscar refúgio no Império Romano; depois, os Hunos apareceram no oeste dos Cárpatos na Panônia, provavelmente em algum momento entre 400 e 410, provocando a massiva migração das tribos germânicas para o oeste e provocando a famosa travessia do Reno em dezembro de 406. Igualmente, crônicas gregas e latinas podem ter usado "hunos" num senso mais geral, para descrever características étnicas ou sociais ou reputação.

[14] Os alamanos eram um antigo povo germânico, que se estabeleceu às margens dos rios Reno e Danúbio (na região da atual Alemanha), por volta do ano 220. Eles não se chamavam de alamanos (nome dados pelos romanos), mas sim de suábios. Os Alamanos eram um povo de origem germânica, também chamados de Alamanni, Allemanni ou Alemanni, preferiam se identificar como os Suábios. Esse povo germânico recebeu a denominação que se tornou marcante por obra dos romanos. Alamanos significava “o povo de todos os homens”. Os Alamanos formavam uma aliança de cunho militar com tribos germânicas que viviam na região em torno do rio Meno. O caráter dessa aliança sempre foi agressivo, pois se uniram com o intuito de atacar a província romana Germânia Superior. Desde o século III, os Alamanos insistiram em se infiltraram pela fronteira romana do Reno-Danúbio. Durante séculos investiram nesse avanço, mas foram sempre contidos, muito em razão da força de oposição dos francos. Por sinal, na organização da aliança militar dos Alamanos o modelo que foi seguido foi justamente o dos francos.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 15/07/2024
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