Paul
Não gosto de escrever nada que pareca frase de livro de autoajuda, mas quando reflito na vida de Paul Alexander, não consigo deixar de pensar em todas as vezes que deixei de fazer alguma coisa, bloqueado por medos irracionais, preocupação com a opinião dos outros ou falta de confiança em mim mesmo, e como isso foi bobagem. Criamos barreiras para nós mesmos, como se não bastassem os obstáculos que o próprio mundo e as outras pessoas nos impõem.
Paul Alexander contraiu poliomielite em 1952, quando tinha 6 anos, e ficou paralisado do pescoço para baixo. Para sobreviver, precisou ser colocado em um pulmão de aço. Passou a maior parte da vida, umas 7 décadas, confinado ao enorme cilindro de metal que deixava somente sua cabeça do lado de fora.
Muita coisa pode ser dita sobre uma pessoa como Paul. Ele foi um exemplo de alguém que não desistiu. A maioria de nós precisa lutar, ser perseverante por inúmeros motivos, mas Paul precisou de toda a sua força de vontade apenas para respirar.
O pulmão de aço preservava sua vida, mas em compensação reduzia a mobilidade de Paul a zero. Apenas a do corpo, que fique bem claro -- a mente de Paul não pôde ser contida. Paul se formou em direito, exerceu advocacia e escreveu vários livros.
"Eu sabia que se fosse fazer algo na minha vida, teria que ser algo mental", disse ele ao jornal The Guardian em 2020.
Paul agora descansa, preservado na memória de Deus, como bilhões de outras pessoas que já se foram. Quando ele se levantar, será num mundo em que pulmões de aço, poliomielite (ou qualquer outra doença) serão coisas do passado.