O marionetista no ringue de sabotar dores
- Senhoras e senhores!
Apresentamos: os sabotadores.
Temos novidades no ringue,
A ilustre presença do oponente "o marionetista".
- Será que ele conseguirá,
No embate de pé ficar?
Comprem suas pipocas!
Façam suas apostas!
- Não será uma luta justa,
Dois oponentes ele enfrentará,
A procrastinação e o cinismo vulgar,
Que comece a luta!
- Procrastinação avança,
O marionetista aparenta confiança,
Um golpe, procrastinação lança,
Uma lufada de preguiça e inconstância.
- Foi de repente!
O Marionetista prendeu seu oponente,
Amarrado pela corda resistente,
Procrastinação voltou-se contra o cinismo, à sua frente.
- Aliados agora são rivais, que briga!
Procrastinação lançou a lufada de preguiça,
O cinismo a desculpa, sua investida cínica
E a luta desproporcional tornou-se infinita.
- Incrível! O marionetista sentou-se na plateia!
Comendo a pipoca e bebendo a soda,
Controlando com seus fios a eterna luta dos sabotadores,
Na qual nunca teria derrota ou vitória.
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Numa palestra da ilustre Lucia Helena Galvão, fui tocado por uma frase atribuída a Platão que diz "cada coisa se destrói pelo que lhe é próprio", o que me inspirou a criação deste poema na forma de narrativa de uma luta e à reflexão de que é comum nos colocarmos no lugar de vítima ou algoz, enxergamos " o diabo", "o mal" no outro, quando o único poder que temos é sobre nós mesmos e ainda assim há limitação neste poder.
O texto foi sintetizado com base na ideia de que podemos usar nossos sabotadores, que apresentam diversas formas, a nosso favor. Esta batalha ocorre todos os dias com diferentes pessoas em diferentes situações, ter acesso a formas de vencer os mecanismos que nos limitam é seguir rumo ao auto-conhecimento e desenvolvimento pessoal.