BESOURO, O CAPOEIRA
Nascido em 1895 na Santa Casa de Misericórdia de Santo Amaro, batizado com o nome de Manoel Henrique Pereira, era natural do recôncavo baiano e viveu naquela região em um periodo de desenvolvimentos dos canaviais de Santo Amaro. O município tinha um importante papel no cenário produtivo da Bahia através dos saveiros que navegavam pelo Rio Subaé levando mercadorias e produtos derivados da cana para o cais de Salvador e de lá trazendo mercadorias para suprir as necessidades do comércio do município.
Desde cedo aprendeu por necessidade os segredos da capoeira com Mestre Alípio do trapiche de baixo.
Na capoeira foi batizado como Besouro Mangangá por causa da crença de muitos que diziam que quando ele entrava em alguma contenda com seus inimigos que eram muitos e, não sendo possível vencer a todos, se transformava em besouro e saia voando com suas performances na capoeira.
Várias lendas surgiram em torno de Besouro para justificar seus feitos e a principal atribue-lhe o "corpo fechado" de modo quem nem balas e nem facas poderiam feri-lo.
Devido aos seus supostos poderes Besouro Mangangá tornou-se personagem conhecido tanto nas cidades do recôncavo quanto nas rodas de capoeira de Salvador. Os praticantes de capoeira nutriam por ele respeito e consideração respeitado por valentões, capadócios, bambas e malandros.
Especulava-se que não nutria simpatia por meganhas e que teria em diversas oportunidades se envolvido em contendas com forças policiais, quase sempre levando vantagem.
Suas práticas não eram associadas ao banditismo, pois Besouro se caracterizou como trabalhador braçal exaustiva de Santo Amaro, tendo trabalhado sempre, nunca tendo sido preso por roubo, furto ou outra atividade ilícita que o desabonasse. Suas prisões deviam-se a ações contra a polícia, principalmente no período em que esteve no exército prestando serviço militar.
Algumas documentações registram confrontos entre Besouro Mangangá e a polícia como um ocorrido em 1918 no qual Besouro teria se dirigido a uma delegacia policial no bairro de São Caetano em Salvador para recuperar um berimbau que pertencia ao seu grupo de capoeira e teria sido apreendido poe alguns meganhas. Com a recusa do agente policial da devolucao do berimbau, Besouro partiu para o ataque com a ajuda de alguns companheiros. Não conseguiram recuperar o berimbau, tendo sido vencido pelos policiais que receberam ajuda de um grupo de moradores das cercanias da delegacia. Ao ser indagado pelo delegado sobre o motivo da transgressão respondeu que estava em uma roda de capoeira com alguns companheiros quando apareceu uma viatura e os policiais os interpelaram sobre drogas, ao que responderam que lá não havia. Não satisfeitos, os policiais recolheram os berimbau, sendo um dos objetos o berimbau predileto de Besouro que, após o ocorrido resolveu ir na delegacia resgatar o objeto, o que resultou no conflito.
Com o passar do tempo Besouro foi assassinado de emboscada no Arraial de Maracangalha, não se sabendo até hoje nem o motivo e nem o nome do assassino, ficando Besouro eternizado pelos seus feitos e fatos no recôncavo da Bahia.