Quando eu era criança
Quando eu era criança
Cardoso I.
Quando eu era criança, bem pequena, sem intender muito bem como a vida funcionava, passava horas na oficina de papai, vendo-o trabalhar.
Ali, naquele universo, me perdia entre os restos de madeira e engenhocas que ele costumava criar.
Para mim, tudo aquilo era magico. Troncos viravam monstros ferozes e galhos se transformavam em guerreiros valentes.
Quando eu era criança, meu local preferido era a oficina do meu pai. Na minha imaginação, aquele era o melhor lugar do mundo, porque eu poderia sonhar e me deixar levar pela imaginação.
Agora, já adulta, me pego querendo voltar para aquele tempo.
As vezes ate visito de novo, acabei herdando o lugar, mas a magia já não se faz mais presente.
As vezes, abro as portas e janelas para ver todas as coisas no clarão da luz do dia, mas nada acontece.
Eu forço a mente para poder ver novamente todo aquele universo magico, igual quando era uma criança ingênua, mas é em vão.
Foi então que lembrei, quem mantinha a mágica viva, não está mais aqui. É que o meu pai já se foi e já se passaram tantos anos.
Revirando o lugar, encontrei escondida bem no fundo de uma lata, ainda coberta por pedaços de madeira, uma caderneta antiga.
Folheei-a com cuidado e, tamanho foi a surpresa.
Meu pai escrevera cada engenhoca que faria para mim, nos mínimos detalhes, na tentativa de me manter sempre ocupada e distraída, para não sentir em nenhum momento as durezas da vida.
Derramei-me em lagrimas.
E foi ai que, ao olhar novamente para o lugar, a magia voltou a acontecer, so que dessa vez, com um sabor de saudades.