O preço da liberdade
O preço da liberdade
Cardoso I.
-Quanto vale a liberdade?
Perguntava o menino para a mãe, ainda olhando na janela do ônibus, que seguia viagem para outra cidade.
É que ele ia visitar o pai que estava preso há mais de sete anos. O crime foi um delito ao patrimônio público, seguido de roubo.
_ mamãe, quanto vale a liberdade? Perguntou-a mais uma vez!
A mãe ainda com lágrimas nos olhos, pois sabia que a dor da criança pela ausência do pai era perceptível, fez-lhe a seguinte observação:
A liberdade tem seu valor na medida como a enxergamos.
Para um pássaro, a liberdade é a capacidade de poder voar no céu, sem amarras, livre pra ir em alturas diferentes.
Para uma mãe, liberdade é poder estar em casa, fazendo o que gosta, cuidando da família.
Para um peixe, liberdade é poder nadar na imensidão do oceano, sem se sentir intimidade por outros peixes maiores e mais inteligentes.
Para um escritor, liberdade é poder falar o que quer, sem se preocupar com as regras ou com o politicamente correto.
Para o padre, liberdade é falar o sermão vindo da alma, aquele que pode transformar os fiéis.
Enfim, a muitos conceitos de liberdade meu querido.
O menino pos-se a imaginar tudo que a mãe lhe falara e, por um breve momento encostou a cabeça na janela do ônibus, olhando as aves bem alto no céu, como eram bonitas e sincronicas, livres e felizes.
E então, após pensar mais um pouco, olhou para a mãe e disse:
-E pro papai, o que é liberdade?
A mãe, nesse instante emocionada, complementou a fala do garoto.
- Pro seu pai a liberdade se construiu aos poucos, é que ele só a percebeu depois dos tropeços da vida. Mas não se preocupe meu bem, hoje ele terá seu encontro com a liberdade e poderá ir pra casa com a gente.
O menino encheu-se de esperanças, num misto de amor e alegria que pareciam saltar-lhe dos olhos.
A mãe o abraçou enquanto olhava pela janela ao mesmo tempo que arrumava-o novamente.
E seguiram viagem rumo ao centro penitenciário do Rio de Janeiro.