Noite de solidariedade na ASPEC

 

No sábado passado a Associação dos Servidores Penitenciários de Charqueadas - ASPEC - realizou um torneiro de futebol sete e um jantar com música ao vivo a fim de arrecadar fundos para os servidores atingidos pela enchente de maio, aproximadamente uns trinta somente no Complexo do Jacuí. Na organização, dentre outras pessoas, estavam os policiais penais Liliza Ribeiro, Itamar Souza e Cláudia Silva. Como fui com a família para curtir, não levei nada para anotar nomes, então não sei de quem mais esteve à frente do evento, mas prefiro citar alguns do que esquecer de todos.

 

Meu avô materno já era servidor penitenciário da Colônia Penal Daltro Filho - então localizada onde hoje fica a Penitenciária Estadual do Jacuí -, nossa família foi tradicional do Bairro Colônia Penal - onde nasci - desde os anos 1940. Logo, sempre fiquei muito à vontade entre agentes penitenciários, brigadianos e egressos do sistema prisional, tanto que realizei posteriormente concurso para a Superintendência dos Serviços Penitenciários - Susepe. Filhos de PMs, de servidores penitenciários e de apenados do regime semi-aberto conviviam na Escola Ramiro Barcellos nos anos 1970. A Susepe, como a conhecemos, existe desde 1968. Antes, nem recordo como se chamava o serviço penitenciário estadual. Antigamente, o concurso exigia o Ensino Fundamental - o antigo 1º grau -, mas, quando entrei, já era exigido o Ensino Médio - 2º grau. Atualmente, é exigido Ensino Superior. Os do tempo antigo já estão todos inativos, agora convivem no serviço os últimos dois tipos de concursados e a maioria dos servidores, de uma forma ou de outra, já possui curso superior, o que significa que hoje temos outra Susepe, não sei se pior ou melhor, mas diferente, diria que quase paramilitar no seu cotidiano, um contraste grande em relação a como era há três décadas atrás.

 

Bom, sentei para escrever essa crônica para falar do evento solidário. vamos a ele. A categoria penitenciária, uma das fortes presenças sociais e econômicas na classe trabalhadora local, recebe um bom salário e possui direitos trabalhistas e previdenciários consolidados, o que ajuda em muito num momento como esse. Lembro que foi no piquete da greve de 2002 que o "comandante" Cezinha Vargas disse que os agentes "deixaram de ser um ajuntamento para se tornarem uma classe", logo, a solidariedade e o corporativismo de uma categoria - o nome certo, pois classe social de refere a algo maior - são construídos ao longo do tempo. Pois no sábado estavam lá, atuando, vários servidores e servidoras que estiveram naquele movimento paredista e nos que se seguiram nos anos posteriores. Forjou-se uma categoria unida e solidária, igualmente integrada política, social e economicamente às comunidades onde existem casas penais no Rio Grande do Sul.

 

No evento da ASPEC, a PEC II foi campeã do torneio de futebol - no Complexo do Jacuí ainda concentram-se as casas penais CPA, PEJ, PEC, IPCH, PASC e PMEC -, com certeza, conjecturo, pela juventude de seus atletas, visto que a penitenciária é a mais nova, com servidores da última turma. Foram distribuídas medalhas e troféus para os participantes. Aliás, o Valdic Quinteiro Mena Barreto, do Quaraí, assador do evento, igualmente recebeu uma medalha junto com seu auxiliar, já que o serviço destes foi primoroso. Wellington Romário, que também é radialista, foi o apresentador. A propósito, com nome e sobrenome de centroavante, foi um dos maiores goleadores da Arena Cururu, da PMEC, com mais de cem gols marcados num ano. Hoje, o joelho o aposentou do futebol.

 

Por falar em aposentado do esporte, um quase inativo da bola, Paulo Molina, ainda jogou esse torneio, mas, de centroavante, passou a jogar na zaga. Só que o Molina já foi baterista profissional e continua manjando muito de baquetas, mostrando estar bem longe da reforma na carreira musical. Junto com o Samuel, Vagner e Márcio, formaram a Banda Ret... (foto acima), que fez um som após o jantar. O Samuel, aliás, é um cara muito talentoso, com bastante musicalidade e percepção musical, inclusive já tocou na noite em Charqueadas.

 

E era isso, a festa estava boa, o som legal, o churrasco delicioso e a solidariedade foi feita, arrecadando-se fundos para os servidores atingidos. Com certeza muitas outras categorias em Charqueadas fizeram o mesmo, ajudando os seus colegas na mesma medida em que se envolveram com a solidariedade em geral, voltada para as demais vítimas da enchente, participando de outros grupos de ajuda e de voluntariado.