Vivendo com gosto de vida.

A vida caminha a cada segundo, por novos trajetos que nós mesmos desvendamos, com medo e receio de caminhar, o destino logo trará a descoberta. O início do ano tende a ser calmo para algumas pessoas, mas ao meu olhar, os primeiros meses do ano foram carregados de traumas, um seguido ao outro. Uma bomba logo se explodiu em minha cabeça e eu me vi em um estado sem saída, foram tantos acontecimentos, quase todos ruins, que afetaram até a maneira como eu falava. Me observei isolada em uma sala totalmente escura, sem saber quem eu era e muito menos, quem eram as pessoas ao meu redor. Foram exatos sessenta dias para que a vida se encaixasse no eixo e nas pequenas coisas, eu me reencontrasse aos poucos. O tempo maltratou, confesso, pois não consegui controlar o choro, muito menos o fato de que me isolar me faria mal, foi completamente difícil de se ajustar. Nos primeiros dias, me tornei outra pessoa, era terrível, ninguém conhecia essa nova eu, muito menos eu. Tenho plena consciência que nesse tempo conturbado, chorei mais por ter me perdido pelo caminho, já estava cansada de tantas pedras e cacos de vidros na estrada, reencontrar a luz que tinha diante da chave daquela porta, parecia ser algo distante de ser conseguido. Agora, escrevendo sobre isso, Fico aliviada de ter reencontrado meu eu, o eu empático, dócil, sorridente, porque até meus sorrisos foram arrancados e acredite, era minha parte favorita, depois do meu olhar brilhoso. Em seis meses, o meu mundo passou a não ser mais o meu mundo, se tornou algo estranho e desconhecido, não senti mais o chão que pisava, nem o cheiro da comida que eu amava, não senti mais nada, além de tristeza, saudade, raiva, talvez até ódio. Enfim, a vida me deu um momento de descanso, me colocou para respirar e por fim, encontrei a chave daquela sala totalmente escura. Agora eu vejo a luz e consigo aproveitar com felicidade os pequenos detalhes da vida ao meu redor. Como é bom viver com gosto de vida.