Cantando, dançando e sorrindo
Cantando, dançando e sorrindo
Ele foi da vila e é da Vila. Foi da roça e mudou-se para a cidade.
Mesmo com todas as mudanças na vida, ele é Martinho da Vila, da Roça e da Cidade. Na roça aprendeu com o pai, que foi meeiro, a semear. Plantou paz onde havia a guerra. A semente da alegria foi enterrada nas faces tristonhas.
A mulher, perto do autor de Glórias Gaúchas, se torna alegre, feliz, como um jardim repleto de flores coloridas. “Ela é a terra virgem, eu semente de paixão”.
Como disse Romeo Nunes, ele é humilde e tímido que só os seus íntimos conhecem. É filósofo e poeta. Como todo poeta, o outrora Auxiliar de Químico Industrial, é um sonhador e “ele pegou do branco a paz maior”. A paz está sempre nas letras de seus sambas. Ele batuca na cozinha fazendo de pratos, garfos e caixas de fósforos instrumentos de percussão. Com ele sempre andam os cozinheiros que são violeiros de alto nível. Todos conversam, dão palpites, mas no final, o homem que cantou música em dialeto Quimbundo de Angola declama: “Em casa de batuqueiro só quem fala alto é viola”.
A viola bem tocada é como se um anjo tangesse canções numa harpa. E, não há poesia mais simétrica do que a formada pelo anjo e sua harpa. Eles nos dão paz. Paz esta que existe na roça, na praia em qualquer lugar. Nos centros urbanos é um pouco mais difícil, mas é possível.
Os brasileiros devem se unir e fazer desse país um paraíso.
Todos cantando, dançando e sorrindo.
Poderia eu imitar o escritor do livro A rosa vermelha e o cravo azul, e então dizer com todas as letras: “Em qualquer lugar, onde quer que eu vá, eu sou brasileiro”.
Se sou carioca, catarinense, goiano, mineiro ou paulista, eu sou brasileiro. Do interior ou da cidade, eu sou brasileiro.
Jogador de futebol ou engenheiro, eu sou brasileiro. Artista amador ou amador das artes, eu sou brasileiro. Marinheiro ou surfista, eu sou brasileiro. Operário ou industriário, eu sou brasileiro.
Não importa minha raça, minha religião, minha profissão, eu sou brasileiro. Sou igual a todos e todos me respeitam. Se seu fosse diferente, seria como diz escritor do livro Fantasias, Crenças e Crendices: “Em terra de cego quem tem um olho é caolho”.
Aroldo Arão de Medeiros
7/10/2006