Segunda morte do General
Estão preparando a festa junina anual do Colégio da Polícia Militar do Paraná, sigla CPM, sábado, 6 de julho de 2024. O Colégio Militar foi criado em novembro de 2018. Funciona no prédio do antigo e tradicional Colégio Estadual Bartolomeu Mitre, onde se instalou o primeiro grupo escolar de Foz do Iguaçu, em 1927.
A praça já está parcialmente interditada. À noite, incluída a avenida Jorge Schimmelpfeng na interdição, a praça do antigo Colégio Mitre será do povo, do quentão e da pipoca. Estão acabando de montar o palco, onde artistas jovens se apresentarão no horário nobre. Trabalhadores contratados, alunos e professores apressam-se porque o tempo é curto e tudo deverá estar perfeito até as 18 horas. Tudo isso para festa de uma noite só.
No meio daquela agitação de abelhas, encontro um busto sem identificação. O busto fardado não dá ordens, já perdeu toda a dignidade. Sua plaqueta de identificação foi arrancada do pedestal, não ficou mais que uma mancha. O antigo nome do colégio, porém, o identifica: foi o chefe das Forças Aliadas na Guerra do Paraguai, o general argentino Bartolomé Mitre. Assim mesmo: Bartolomé. Eu poderia identificá-lo, talvez por um buraco de bala na testa, um ferimento de guerra que não o matou nem deixou sequelas. Eu não tinha, porém, essa informação.
Mitre nasceu em Buenos Aires, em 26/06/1821 e ali faleceu em 19/01/1906. Foi um político, escritor e militar argentino, presidente de 1862 a 1868. Portanto, ao lado de uma fogueira artificial de cores vivas, eis um herói nacional argentino que entrou na História do Brasil e da América do Sul. Está ali, abandonado, a plaqueta de identificação foi arrancada, porém deixou uma cicatriz no pedestal. No andar da carruagem, a qualquer momento será tirado do lugar onde esteve por 97 anos.
Será que irão encontrar alguma serventia para o busto? Caso não encontrem, será a segunda morte do General Mitre.
(Foz do Iguaçu, PR, 07/07/2024)