CAÇA AO POBRE
Em ano de eleição, é muito fácil adicionar amigos novos nas redes sociais, pois é grande o número de candidatos a vereador em nossa cidade. Em todas as cidades brasileiras.
Pessoas que antes sequer nos cumprimentavam agora vem nos abraçar e tecer mil elogios, chamando a gente de meu amigo e minha amiga.
Como eu postei no Facebook, chegou a época de caça ao pobre. Beija pobre, abraça pobre e chama pobre de meu irmão.
As reações a essa postagem foram inúmeras, algumas pessoas mostrando sua indignação e até sugerindo que não se deveria votar para ver no que ia dar.
Isso é temerário, pois o voto é muito importante para decidir as pessoas que irão administrar nossas cidades e legislar, apresentar e aprovar projetos que irão beneficiar a população. O diabo é que vai ter tanto candidato ou candidata que ficará difícil escolher o melhor. Ou o menos pior.
Gente que não tem nada a ver com política de repente se empolga e se lança candidato, juntando votos para o partido ou a coligação. E tome discursos empolgados, na base do "se eleito for", com direito a muitas promessas, algumas tão mirabolantes que beiram o ridículo.
Abraços e tapinhas nas costas não vão faltar, sem contar a presença maciça de candidatos em festas e até em velórios, com direito até a lágrimas.
Tem quem prometa doar seu salário ou parte dele para as instituições sociais ou algo assim, promessa que é esquecida tão logo o primeiro salário (e vereador ganha bem) cai na conta. Isso é amnésia ou simplesmente cara de pau?
É preciso escolher bem nossos candidatos. No caso dos que pretendem de reeleger ou voltar à política, avaliar o que fizeram de bom no tempo em que estiveram no cargo, seus conchavos, suas alianças e os projetos bons que apresentaram e aprovaram. Ver suas manifestações nas redes sociais e com quem se coligaram para chegar ou se manter no cargo.
Sem manifestações extremas, por que todo extremismo é cego e burro.
Sou contra anular o voto e nunca deixei de votar. De algumas escolhas me arrependo, de outras nem tanto, por que algumas vezes votei por amizade, mas na maioria das vezes pela qualidade do candidato ou candidata. Mas confesso que votei em Fernando Collor quando fiz meu título de eleitor, aos dezesseis anos. O resultado foi aquele desastre que as pessoas que viveram os primeiros anos da década de 90 puderam sentir.
Nas eleições municipais é diferente, principalmente em cidades menores, por que podemos encontrar nossos candidatos eleitos na fila do supermercado ou do banco, quando então poderemos cobrar deles ou delas a solução para determinado assunto.
É pensar bem na hora de votar para não colocar no poder pessoas despreparadas para o nobre ato de legislar sobre os assuntos públicos.