Deus é pai, Deus é amor
Deus é pai, Deus é amor
Daquele que tem o “Coração Malandro” pode-se afirmar, ele é, e sempre foi, namorador. Perdoe-me Cléo, mas eu falo que hoje o Martinho namora todo dia e o dia todo, contigo.
Namorou pobres, ricas, bonitas, magras, rechonchudas, de olhos claros e escuros, altas e baixas. Quando namorou uma pequena dizia, com segundas intenções:
- “É pequenina e gostosa como banana nanica”.
Como escrevi no começo, além do coração malandro todo o seu corpo mexe devagar. Ele só não tem preguiça para algumas atividades: escrever livros, compor, beber e amar. Sua filosofia e princípio de vida são:
- “E se a morte é descanso eu não quero descansar”.
Ele vai levando a vida devagar. Em tudo que ouve ao seu redor ele sonoriza todo tipo de samba, é samba de breque, samba-enredo, partido alto. Numa roda de samba a mulata faceira é toda sensual.
Ela se mostra para todos e todos a desejam. Ela é filha de Deus, assim como o compositor do samba que lhe inspira a dança.
Nada mais relativo dizer que:
- “É sensual, mas é coisa de Deus o samba”.
Deus é pai, Deus é amor. Ele nunca desejou a guerra entre os homens. Porque não O deixamos feliz cantando sempre a Paz? Se os governantes que mandam seus homens à guerra e não têm coragem para ir a uma frente de batalha, ouvissem um samba sincopado, que falasse em paz e amor, talvez a história mudasse. Pode ser uma utopia minha, mas o Martinho também espera ao dizer:
- “É sonho ver um dia a música e a poesia sobreporem-se às armas”.
Se esse dia acontecesse faríamos um grande carnaval no mundo. Todas as mulheres se tornariam bonitas. A fome acabaria para sempre. Os inimigos dariam as mãos. E eu, ao olhar a moça faceira à minha frente, não titubearia em repetir:
- “É uma festa pros olhos teu corpo moreno”.
Aroldo Arão de Medeiros
07/019/2023