Vestígios
Belvedere Bruno
Ariane! Mil vezes grito seu nome. Em delírio, busco trazê-la de volta aos meus dias. Desperto nas madrugadas e tento alcançá-la , mas você se desvanece, só me restando o consolo dos seus vestígios.
Jamais pensei em separação, pois nosso amor parecia eterno. Hoje, penso na ventura que seria vê-la livre, ou mesmo em outros braços. Assim, haveria ainda o sopro da vida. Onde agora habita a sua graça ?
Entrego-me , então, aos devaneios: correndo em campos floridos, você colhe margaridas, salpicando-as nos cabelos. Sinto a maciez de sua pele, beijo seus lábios, deslizo em seu corpo nu. Gravo em minha memória seus risos , seus olhares, seus cantares, mas temo que um dia o tempo me leve as mais caras lembranças.
Restam-me a dor e o sabor amargo do não dito. Certezas, somente as do nunca mais!
Ariane! Mil vezes grito seu nome. Responde apenas o silêncio.