É bom ser lembrado por alguém!
É bom ser lembrado por alguém. Gosto, por isso, de citar uma frase antológica de Innocêncio de Jesus Viégas, na crônica “A sabedoria do mendigo”, publicada na edição de setembro de 1996 (ano XIX – nº 5) do jornal maçônico de circulação mensal O Esquadro. O jornal, infelizmente, sofreu solução de continuidade. Salvo engano meu, a última edição saiu em março de 2001, quando deixou de circular. A lição, contudo, ficou guardada, insculpida no meu pensamento, a moldar-me a personalidade. Diz: “É bom ser amigo de alguém e ter a satisfação de ser reconhecido como tal.”
São 8 de julho de 2024, 10h19, quando me sento para escrever. Marabá está agradavelmente nublada, sob chuva fina, que vai molhando a terra lentamente. Choveu grosso mais cedo. Chuva forte, mas, graças a Deus, mansa e pacífica. Sem relampos e trovões. É a chuva do caju, como dizem. E o dia está muito lindo. Escrevi relampo propositadamente. “Pra tirar onda, meu irmão!”, como diz a música “Motoboy”, de Pepe Moreno. A palavra está no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da Academia Brasileira de Letras, e, claro, é dicionarizada. Muitos, porém, não sabem disso.
Lembrei-me de Raymundo Netto, cronista do jornal cearense O Povo, jornalista e escritor, autor de Crônicas absurdas de segunda, obra de fôlego que, embora seja um livro de crônicas, enriquece a literatura brasileira. Raymundo Netto é muito culto, escreve bem, e o livro, por tudo isso, é riquíssimo e enriquecedor literariamente de quem, por felicidade, o lê. Falo ligeiramente de ambos – do autor e do livro – na minha crônica “A crítica abalizada das visagens literárias”. Pois é, Netto também escreve relampo.
O pensamento da gente voa. Falar de Raymundo Netto me fez lembrar de dois amigos meus muito queridos, a Dr.ª Clarissa de Cerqueira Pereira, ex-advogada da Câmara Municipal de Marabá, hoje servidora de carreira do Ministério Público de Contas Estado do Pará, e o Dr. Carlos Magno Gomes de Oliveira, também meu ex-colega de Câmara Municipal de Marabá e hoje juiz de direito do Tribunal de Justiça do Estado do Pará, um magistrado que, com retidão de caráter e dedicação aos estudos e ao trabalho, honra e engrandece a Magistratura.
A Dr.ª Clarissa, em 4 de fevereiro de 2023, teve a delicadeza de fotografar o belíssimo cajueiro de Humberto de Campos, em Parnaíba, Piauí, e me enviar pelo WhatsApp. O cajueiro – agora com 128 anos – foi plantado, em 1896, pelo menino Humberto de Campos Veras que se tornaria imortal da Academia Brasileira de Letras. O Dr. Carlos Magno, em 16 de junho próximo passado, muito gentilmente, enviou-me, também pelo WhatsApp, uma foto ao lado de uma estátua. Embaixo, a mensagem: “Bom dia, meu amigo! Estou em Maceió, e, ao passar em frente à estátua de Aurélio Buarque de Holanda, não resisti a fazer o registro e lhe enviar! Vou seguir a caminhada!” Gestos como esses são impagáveis. É bom ser lembrado por alguém!