FELICIDADE A SEU TEMPO

Em devaneios noturnos fiquei questionando se existe uma fórmula, que não precisa ser mágica, para melhor desfrutar a nova fase da vida, que se abre diante de você, quando ao olhar para os lados, constata que boa parte do tempo correu nessa nossa passageira existência nesse plano.

Muito do que foi valorizado durante tanto tempo, agora parece que evaporou ou escorreu das mãos, e agora não faz mais sentido. E olha que depois de noites mal dormidas, naquela frenesi de solucionar problemas, a cabeça desgastada durante boa parte do dia presa aquele pensamento, sem importar o que estivesse fazendo, se transformava numa espécie de foco que beirava o autismo.

Filhos que tanto exigiram de você desde o nascimento, e passaram por um processo de proteção irrestrita, entendendo isso como uma dedicação obsessiva da preparação deles para a vida, aquela mesma, que seus pais não puderam, ou talvez não tiveram disponibilidade de tempo ou financeira de oferecer, naquela hoje tão distante juventude.

Todos os anos que foram determinantes no seu crescimento profissional, onde praticamente não houve tempo de lazer, onde o acúmulo de trabalho em diferentes frentes, que aliado às necessidades acadêmicas te levou a um upgrade na jornada laboral.

Mesmo amigos de infância e adolescência, que naquele momento, provavelmente também precisaram focar suas atenções nesse sugador de corações e mentes, que se transformou o mercado de trabalho nos grandes centros, claro que me refiro a pessoas engajadas na profissão, e que buscam sair da mesmice, e que se incorporam a grupos de pessoas mais incomodadas com tudo que ocorre a sua volta, bem diferente daquelas sem atitude que ficam até românticas, como na poesia de Chico Buarque, ao se referir à Carolina para quem: o tempo passou na janela, e só Carolina não viu, com seus olhos tristes.

Não acredito que situações aconteçam de forma aleatória, e isso se baseia na vivida experiência profissional, onde pessoas com atitude, atraem e são atraídas por outras que agem de forma similar, indo diametralmente contra aquele princípio que invoca atração por pólos opostos.

Mesmo sem ter abandonado os esportes, meus grupos sejam os de futebol, caminhada ou mesmo de tênis praticamente se restringiam aos momentos esportivos, no máximo acontecia aquela cervejinha pós jogo, ou alguma comemoração esporádica, onde esposas eram naturalmente excluídas dos encontros.

Interessante foi constatar que se num primeiro momento o grupo de tênis se restringia a poucos participantes, onde sobrariam dedos nas palmas das mãos se fosse feita a contagem. Não sei bem explicar os motivos, mas aos poucos novos componentes foram atraídos para nossas agradáveis jornadas vespertinas.

Agora, o grande salto se deu quando esposas resolveram se integrar a patota, num primeiro momento de forma discreta, mas gradativamente ganhou espaço e vitalidade, o que aliás, foi determinante para a atração de novos casais.

No momento, vivemos uma sequência de comemorações de aniversários, pois à medida que cresce o contingente de participantes, todo mês requer uma data para essa reunião especial.

Hoje, já consolidado como o grupo mais numeroso e eclético do clube a se reunir com frequência constante, tanto dentro, como fora das quadras reafirmando aquela premissa inicial, de que afinidades em comum podem ser valiosas na formação de uma confraria, que mesmo diversificada, sofre forte influência de duas características importantes: ser idoso e aposentado.

Será que a tudo isso que vem acontecendo pode ser definido carinhosamente como felicidade?

Alcides José de Carvalho Carneiro
Enviado por Alcides José de Carvalho Carneiro em 08/07/2024
Código do texto: T8102409
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