Mini crônicas: Sonhos – capítulo I
Mini Crônicas Sonhos – capítulo I
Os sonhos que teremos aqui nestas crônicas serão captadas por um aparelho de
última geração que gravavam as cenas do sonho do sonhador. Teremos vários sonhadores e
sonhadoras.
Essa pesquisa paz parte de uma vontade de um homem que sonhava mas não acreditava em sonhos, julgava que todos os relatos sobre os mesmos, fossem de fantasias das pessoas reprimidas ou lembranças guardadas em suas mentes. Sonho puro mesmo não existia, tudo não passava de sobras da realidade vivida.
Comprou o aparelho e foi logo dando início à sua pesquisa. De acordo com que ia conversando
com as pessoas sobre sonhos, foi descobrindo seu público.
O aparelho era bem pequeno ; e funcionava como uma viseira; era flexível; tinha uma bateria e guardava os sonhos em um pequeno chip que ficava dentro da máscara.
Sonhador 1.
] Alberto Menezes da costa Silva. Alberto sempre desejava em sonhar
com batalhas de aeronaves em guerra. Mas nunca conseguia. Um dia sonhou que era uma lagarta
e como foi ficando grandinha veio a vontade de fazer um casulo, como todas as lagartas fazem. Não conhecia seus pais, pois, lagartas não conhecem seus pais. De um dia para o outro começou a expelir um suco marrom pela boca que vinha acompanhado de linhas , também marrons, e uma
estranha vontade veio para completar toda essa loucura: fazer em volta de si uma prisão, sem portas
nem janelas. Meio mundo já lhe convencera que isto era suicídio. Todos os insetos, menos as borboletas (que não falavam, eram literalmente mudas), já o haviam convencido que isso era uma loucura; iria morrer sem ar e sem comida quando fechasse o último buraquinho.
E ele começou a fazer o seu casulo obstinadamente. Ele não se dominava. E desde o dia em que começou não parou mais. Ficou sem emprego, sem amigos, sem namoradas, sem seu cachorro,
seu celular, sem TV, sem bola de basquete, pois, nada disso cabia dentro do casulo que era como uma roupa meio folgada que foi se apertando, se apertando, até ele tampar o último buraquinho.
De repente o despertador despertou e ele sentiu que por baixo dele havia alguma coisa estranha , parecia que estava presa a seu corpo e ele desceu da cama e as asas se abriram; eram multicoloridas; ele nem quis saber bateu as asas e saiu voando por ai, por sobre a cidade que ele nunca havia visto de cima, daquele jeito. Era maravilhoso !
Acordou com vontade de voar. E nunca mais matou uma lagarta. Pegou a sua grana e devolveu o chip.