DIÁRIO DE UM GATO PRETO
Na penumbra da noite, um gato preto desliza silenciosamente pelo beco estreito. Seus olhos amarelo esverdeado brilham como pequenos faróis, iluminando a escuridão da rua deserta. Para alguns, esse felino sombrio seria um presságio de desgraça iminente, um sinal de azar prestes a se abater. No entanto, será o azar uma característica inerente ao gato preto, ou será apenas uma projeção de nossos medos mais profundos?
À medida que avançava, a presença do felino despertava reações diversas entre os transeuntes que cruzavam seu caminho. Alguns desviavam apressados, lançando olhares cautelosos por cima do ombro, como se temessem que a simples proximidade com o gato pudesse desencadear uma série de atribulações.
Ao observar o felino se movendo graciosamente, é possível vislumbrar a beleza e elegância de sua presença. Sua pelagem negra como a noite contrasta com os reflexos prateados da lua, criando uma aura misteriosa e enigmática ao seu redor. Seria justo atribuir a esse ser gracioso o fardo de carregar consigo o peso de superstições antiquadas?
A superstição é como uma sombra que paira sobre nossos pensamentos, obscurecendo a racionalidade e dando poder ao irracional. O azar não é um atributo do felino, mas sim uma criação de nossas próprias crenças e receios.
Ao cruzar o caminho de um gato preto, talvez seja hora de refletirmos não sobre a criatura em si, mas sobre as sombras que habitam nossa própria mente. Pois, no final das contas, o verdadeiro azar não reside no mundo exterior, mas sim na mente humana que se recusa a enxergar além das sombras. Que possamos, então, libertar-nos das amarras da superstição e permitir que a luz da razão dissipe as trevas da ignorância.