CAFÉ
Esta noite, ao fazer meu café, me vi sorrindo pro nada.
Foi aí que percebi que, era um cafecolatra! Não um viciado em café qualquer, mas um viciado no meu café.
Acordava sempre as madrugadas, afim de degusta-lo, puro e forte. Nada de leite ou bolachinhas como acompanhamento.
Para mim, o café deveria ter um gosto especial, nem doce, nem amargo, deveria ser equilibrado.
É que, sempre que a casa adormecia, caia sobre mim uma melancolia, uma catarse invasiva, de não ter conseguido realizar os meus sonhos.
Para enxugar as lagrimas, minha companhia das noites era o bom e velho café. Eu o idolatrava como um fã idolatra seu ídolo.
E se houvera existindo alguém com tamanha paixão por esse delicioso licor, este alguém certamente sou eu.
Felizmente ou infelizmente, o médico receitou que o cortasse do consumo, do contrário acabaria tendo um ataque cardíaco ou um disparate da diabetes, que nessas alturas já está ultrapassada.
Meu mundo caiu.
Quem me consolaria nas noites em claro?
Qual sabor estaria na boca quando o amargo da vida parece querer devorar-me?
E pensei sem parar, enquanto colocava o bule no fogo para preparar a bebida novamente.