A casa da minha avó
A casa da minha avó, tinha paredes roxas e uma laranja em grafiato, a geladeira cheia de ímãs a prateleira com plantas, as paredes com calendários de 1900 e noventa e tantos.
Aaa a casa da minha avó, com a toalha desbotada na mesa, o enfeitei de madeira acomodando a garrafa do café, tinha biscoito sobre a mesa, pão quentinho e mortadela. A TV sempre ligada e ela a balançar os pés no sofá, reclamava do meu vô “Bem, vai buscar as coisas na rua você tá muito preguiçosinho” reclamava do preço das coisas, da violência, do presidente e da dor no pé.
E quando eu não subia já me acordava dando bom dia seguido de “Vii a vó fez café” aaa a casa minha avó, foi refujo e remédio para tantas das minhas tristezas, quando meu tio em 2016 resolveu morar no céu, na minha vó e eu sobrava complacência na dor, tantas histórias dele que só ela sabia contar, tanta saudade naquele olhar…
E a casa permanece lá, algumas coisas não mudaram mas as paredes roxas se tornaram brancas, o café já não tem mais o mesmo sabor, nem o meu avô recebe mais as broncas e as coisas não me parecem ter assim tanta graça quanto tinham…
Saudade de você dona Neusa, que tinha preguiça na segunda mas lavava toda a roupa, punha comida no prato de todos, pedia o óculos pra remendar os panos, fazia o bife, o pão com o ovo e me fazia feliz… Muito feliz! A como fui feliz!