Superação
Dois velhos conhecidos encontram-se e trocam saberes sobre a vida.
- Você tem acompanhado o noticiário sobre inteligência artificial, a tal IA?
- Tenho, sim. Ontem mesmo assisti a um vídeo em que um especialista comenta sobre os próximos computadores pessoais, com IA integrada.
- Eu li sobre isso. O computador com IA aprende com você, a fazer as escolhas que você faria por marca, fornecedor, pagamento etc.
- Será nosso gêmeo digital. Como um alter ego digital; um duplo de mim; um eu digital. Quanto mais interação, mais o computador será minha versão digital.
- Isso deve estar muito mais avançado do que o divulgado. No final de1980 já havia uso comercial de IA na França, em algumas oficinas para carros. A cada inspeção, o sistema incorporava tudo o que havia aprendido.
- Essa é a base da IA: incorporar constantemente novos conhecimentos. Hoje já há centros hospitalares que usam a IA para diagnósticos mais complexos.
- Eu escolheria receber um diagnóstico emitido por um sistema de IA. Acho que receberia uma avaliação integrada, o que médicos têm dificuldade para fazer.
- Já foi diferente. Hoje, você consulta um vascular e ele só vê o estado das artérias e veias. Você consulta um hematologista e ele só vê o sangue. Falta alguém que veja esse mesmo sangue circulando por essas artérias e veias.
- Mesmo porque o sistema de saúde não prevê que os médicos conversem entre si para juntos, decidirem sobre a terapia mais indicada. A análise do paciente é fragmentada e ninguém une as peças para fechar o quebra-cabeça.
- Você tem sido vítima disso, não? Um médico prescreveu-lhe uso contínuo de AAS infantil e um outro suspendeu a medicação. Um dos dois está errado.
- Uma terceira médica desempatou: devo tomar o AAS sempre. Meu bom-senso dizia-me isso também. Acho que uma avaliação por um sistema de IA com uma boa base de dados teria sido mais acertada desde o início.
- E como será a adaptação das pessoas a essa revolução?
- O filósofo alemão Immanuel Kant dizia que somos seres de superação. Será?