Moça namoradeira
Moça namoradeira
Estou com vontade de fazer várias crônicas tendo, como tema principal, frases retiradas das músicas daquele que eu considero o maior sambista do Brasil, Martinho da Vila. Esta será a primeira de uma série até que acabe o filão.
O artista quer seja cantor, ator, pintor, escritor ou pratique outra arte, tem como missão nos extasiar, nos inebriar com a beleza, arrebatar nossos corações.
Cantando, atuando, pintando ou escrevendo, o objetivo é deixar o público tão feliz que até pareça embriagado. A sociedade só o considerará artista de verdade se ele conseguir atingir a emoção do público. Na música “Gbala – Viagem ao Templo da Criação”, Martinho da Vila, meu ídolo-mor cita:
- “A beleza é a missão de todo artista”.
O artista tem um sexto sentido para perceber o que seu público quer, e ele então oferece exatamente o que sua plateia quer, com o maior carinho. Ele percebe, num show por exemplo, apenas olhando para as pessoas que estão na primeira fila, o que elas desejam. Para Martinho da Vila é fácil perceber o que o menino, a menina, o moço, o velho, gostariam de ouvir. Em Lusofonia, por exemplo, ele registra que:
- “A expressão do olhar traduz o sentimento”.
Com frases proferidas por alguém que ama a tudo e a todos fica fácil produzir umas dez ou vinte crônicas. Basta fazer como ele e sua amada, amar e ser amado, porque em “Hoje tem amor”, ele se refere a sua mulher e musa desse jeito:
- “A minha amada quando está bem-humorada logo se esconde debaixo do cobertor”.
Essa mulher o faz bem homem e ele a faz bem mulher, principalmente por que na letra de “Congos do Espírito Santo”, Martinho garante:
- “A moça namoradeira pelo andar se conhece”.
Enfim, depois de muito amar e ser amado, ele só tem a avisar em “Depois não sei”:
- “A morte é certa, depois não sei”.
Aroldo Arão de Medeiros
17/10/2022