ERA UM GAROTO QUE COMO EU AMAVA OS BEATLES E OS ROLLING STONES - DOIS
A aversão feminina pela minha aparência na adolescência era gritante, só minha mãe me achava bonito, meu rosto parecia um ralo na fase dos cravos e espinhas, os hormônios em ebulição, todo dia se olhar no espelho era a confirmação de que a repulsa que eu recebia era aceitável. “Pensar com duas cabeças e tentar fazer poesia com as duas não é uma tarefa fácil”.
Minha pochete era o cinto de utilidades do Batman, dentro dela um walkman, pilhas, uma caneta esferográfica bic, algumas fitas cassetes com as minhas playlists da Legião Urbana e algumas moedas. Para ler um livro de bolso, uma revista ou um jornal, e quando não tinha nada para ler eu bisbilhotava a leitura dos outros passageiros.
O que seria dessa fase sem os amigos? Para cima e para baixo nos ônibus do Rio de Janeiro, indo para a praia, voltando da escola. Íamos à biblioteca pública no centro fazer pesquisa ou aos bailes funks (naquela época o funk merecia o meu respeito). O melhor de tudo era uma zoação que a galera inventou, toda vez que víamos um casal na rua se beijando e dando uns amassos a gente logo gritava.
“VAI COMER AGORA OU QUER QUE EMBRULHE.”
Na oitava série veio a primeira paixão (que droga), como todas as outras garotas ela não me dava bola, era linda, morena, dos cabelos cacheados, acho que era Suzana o nome dela.
Quando fiz 18 anos a magia aconteceu sem precisar de uma fada madrinha, o sapo virou um príncipe encantado, meu rosto ficou limpo e sem cicatrizes, virei um sucesso de público e crítica, então, chegou finalmente a minha vez de maltratar as meninas, sem dó e sem piedade...