A Dança das Sombras

Muitas vezes, o sol prega peças em nossa imaginação. Uma criança de 3 anos de idade, recém aprendeu a caminhar e observar o mundo ao seu redor. Uma inocência que se acaba indiscutivelmente conforme a jornada da vida vai se encaminhando e vamos perdendo pelo caminho os ares da infância. Enzo acordou, como sempre, pela manhã, bem cedo. Chorando. Porém uma distração inicia um percurso da curiosidade. Ele observa uma fresta de luz entrando pela janela. E esse pequeno clarão dá início a uma investigação pueril que durará uma eternidade. Tudo ao seu redor é um mistério a ser explorado, uma aventura esperando para acontecer. Ele se levanta devagar, seus olhos curiosos procurando entender o que aquela luz matinal significa. Enzo corre até a janela, onde os feixes dourados brincam no chão do seu quarto.

 

Primeiro, ele nota como a luz dança ao vento, como se fosse uma amiga brincalhona que veio visitá-lo. A luz, percebeu, foi se movimento ao longo dos minutos que passavam sem possibilidade de pausa. Mas algo mais chama sua atenção: uma sombra que se forma ao seu redor conforme ele se move. Não entende muito bem o que é, mas decide imitar seus gestos para ver se a sombra o imita de volta. Levanta os braços, balança as pernas, e a sombra faz o mesmo, como se fossem dois amigos brincando juntos.

 

Ao longo da manhã, Enzo descobre que sua sombra o segue para onde quer que ele vá. Ela se torna sua companheira silenciosa enquanto ele explora o quintal, corre pelo jardim e se aventura na sala. Ele aprende que sua sombra é mais escura quando o sol está alto no céu e mais comprida quando está baixo. Às vezes, parece pequena e engraçada, como se estivesse se escondendo dele. Ele sentiu a liquidez da sombra, as variações, os movimentos. Tudo era móvel demais para a pequena cabeça de um jovem aprendiz.

 

Enquanto o dia avança, Enzo percebe que a sombra muda de forma e posição, sempre obedecendo ao sol que continua sua jornada pelo céu. Ele começa a entender que o tempo está passando, mesmo que ele queira que a diversão nunca acabe. Enzo senta-se no gramado do jardim e olha para o sol, pensando para onde ele vai quando se põe e por que não fica o tempo todo brincando com ele e sua sombra.

 

Quando a tarde chega ao fim, a luz do sol começa a se apagar, tingindo o céu com tons de laranja e rosa. Enzo sabe que é hora de se despedir da sua amiga sombra e esperar ansiosamente pelo amanhã, quando o sol nascerá novamente e eles poderão dançar juntos mais uma vez. Com um último suspiro de despedida, uma voz estridente chama pelo seu nome na porta de casa. Enzo retorna correndo em direção à sua mão para dentro de casa, sua mãe lhe prepara um banquete (segundo sua visão) e depois de um bom banho e uma contação de histórias incríveis que seu pai faz todas as noites, ele vai fechando os olhos, pronto para descansar e sonhar com novas aventuras na manhã seguinte.

 

E assim, a luz se apaga, mas o coração de Enzo ainda brilha com as lembranças do dia, da dança das sombras e da magia que cada novo amanhecer traz para um menino curioso de três anos.

Prof Eduardo Nagai
Enviado por Prof Eduardo Nagai em 04/07/2024
Reeditado em 05/07/2024
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