Pedacinho de céu
Água no fogo a ferver. A garrafa térmica branca na pia com o suporte do coador por sobre o bocal , no interior o filtro de papel com o pó de café.
Lá fora uma arvore, resiste entre os predios. Alguns passarinhos pousam ali: pombas , periquitão, as vezes rolinhas, sabiá barranco, laranjeira, pardais e lá num prédio distante um urubu pousado . Há um predio em construção. E há no meio de tudo isto um pedaço de céu , espremido, sufocado e lá distante um naquinho da Serra da Mantiqueira.
Agora ele passa o café e ela arruma a mesa: meticulosamente coloca o pires, a xícara, os talheres, a bolacha, a manteiga, o pão, tofu, o adoçante...
A fumaça exalando do coador se dispersa. Naquele silêncio ouve-se o ruído da água, agora café, a cair no interior da garrafa.
A mesa arrumada, ela vai até a pia. Ele de costas . Ela o abraça ele se vira e se beijam gostoso...
Juntos olham pela janela aquele pedacinho de céu sobrevivendo entre os prédios. Pela sua pequenez fica impossível decifrar o tempo: se vai chover, fazer sol ou dia nublado.
Para eles o tempo está bom, ali naquela cozinha o dia está ensolarado.