EU, ANIMAL SELVAGEM

Em tempos, a vida toma-me, sinto-me como um animal feroz, agressivo, pronta, na defensiva para dar o bote certeiro.

Há momentos que nos identificamos com algo, seja uma fruta, um ser, uma divindade ou um animal.

Acredito que todos somos assim, muitas vezes, não damos conta sobre isso.

Sou detalhista e presto muita atenção em mim. Decidi-me rotular e atualmente sou uma bela espécie marinha, Água Viva, linda de se ver ao longe, a sua luz azul, branco e violeta cintilantes, transcende o seu corpo transparente, a mostrar uma luminosidade, os tentáculos longos encobertos por cnidócitos.

A mensagem?

Apreciem, porém, mantenham distância.

Percebo que sou gente (humana) quando ouço uma música bem cantada, com os seus acordes lúdicos a se tornar perfeita na harmonia dos sons.

Percebo que sou gente, quando vejo uma bailarina saltar, suave, como se voa, e equilibrar-se na ponta da sapatilha de um pé só.

Percebo que sou gente, ao emocionar-me, e lavar os meus olhos em lágrimas, ao ver o sorriso de uma boca desdentada, por não ter condições de ter dentes perfeitos, mesmo assim, o seu sorriso transmite felicidade.

Percebo que sou humana quando o meu coração mesmo fragmentado diante da minha agressividade consegue captar o Amor que aflora do outro.

Sinto-me humana quando consigo respeitar a natureza.

Colher o amor.

Através dela inspirar-me, e como um botão de rosa brotar a poesia em forma de flor.

C. Caldas.

C Caldas
Enviado por C Caldas em 03/07/2024
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