EDITORAS DE ONTEM... E DE HOJE !

EDITORAS DE ONTEM... E DE HOJE !

Num tempo muito antigo as editoras -- muitas ainda mantendo o título de "typographias" -- apenas "rodavam", imprimiam folhetos e livros, não bancavam a reprodução dos originais de autor nenhum, nem dos mais célebres. Trabalhavam sob encomenda... adiante, viraram Gráficas, agora com um Departamento para EDITAR cada obra, termo cujo sentido era o de diagramar, de corrigir, REVISAR. Porém, já reconheciam o Autor como um bem, fonte de "lucro", cliente em potencial. O escritor que contratava seus serviços (desde a capa) tinha seu futuro livro estampado na contracapa de outras obras da ex-Gráfica, agora com o pomposo título de EDITORA. Já estamos nos anos 1960/70, com cada Editora "disputando o mercado" e DANDO exemplares do futuro livro para grandes Jornais, para resenhistas com coluna neles, para revistas literárias e até para Escolas importantes da região, do Estado. Tais livros vinham com a expressão "exemplar para DISTRIBUIÇÃO GRATUITA - venda proibida" (discos LPs, também), hoje substituída por "Exemplar do Professor", esta somente para livros didáticos. Talvez até "panfletassem" nas ruas...

A partir dos anos 1990 tudo mudou, exceto na área dos medicamentos, que reservam verba expressiva somente para as "amostras grátis". A Editora moderna veio com o intuito DE VIVER do escritor... e não PARA ELE, talvez por isso eu ainda faça -- em pleno 2023/24 -- meus livretos "em xerox", dispensando o aparato gráfico. "Como não há Mal que sempre dure" surgiram "Gráficas caseiras" que conseguem produzir entre 1 e 30, 50 exemplares por um preço não muito barato mas que atendem aos anseios do escritor amador, do autor de modestas pretensões. Quem ousar consultar uma Editora "pode cair do cavalo": cobram o preço de um carro velho (em bom estado) por seu futuro livro. Lhe cobram lá até a REVISÃO do texto, prática que já foi dever em cada antiga Gráfica. Lhe cobram também A CAPA ! "A capa" ?!, exclamarão "setentões". Sim, o que era prazer, até mesmo orgulho para cada "ex-typographia", hoje é apenas mais um SERVIÇO... e têm um departamento inteiro (sustentado por nós, autores) SÓ PRA ISSO ! Imagino que, se eu recusar pagar pela revisão, eles publicarão (?!) meu livro cheio de erros.

Agora me deparo com outra "esquisitice": editora americana com Setor para traduções -- para a qual enviei meus originais em português -- exige que eu pague pela tradução. E se eu tiver minha obra RECUSADA pela Editora ?! Terei dispendido quase 2 MIL DÓLARES (ou Euros, uns 10 mil reais) à toa... e por uma tradução feita por quem sequer viveu no Brasil. Em duas importantes lá de Portugal exigiram que eu adquirisse entre 60 e 95 exemplares... ora, minha "função" é escrever... VENDER é tarefa para a Editora !

Quem pensa que a Editora atual -- por vezes virtual, sem sala nem endereço -- irá "suar a camisa" para fazer propaganda do teu livro, está se iludindo: ficou no Passado o tempo em que cada Editora fazia "o dever de casa" que é DIVULGAR um autor desconhecido, pondo cartazes do (futuro) livro em ônibus e trens, em universidades e colégios de gabarito e até "panfletando" em locais como Rodoviárias e cinemas. Hoje cada Editora vive "no melhor dos mundos": basta exibir o "livro físico" ou ebook em seu portal, fazer um miniclip de 20 segundos sobre ele e a obra SE VENDERÁ por algum milagre divino... ou, talvez, gritando "SHAZAM" !

Antigamente cada Gráfica entendia o Autor como DONO exclusivo da sua obra, ele poderia (re)publicá-la no concorrente "ao lado", sem protestos da anterior. Atualmente, temos "sócios" vorazes, insaciáveis. Carimbam no teu livro um inacreditável "TODOS OS DIREITOS RESERVADOS" -- apenas porque imprimiram CÓPIAS do nosso original -- e querem ditar o que podemos fazer com nossos escritos. (Penso que o "copyright" seja um "aluguel", uma permissão, um direito "DE CÓPIA" dos originais, nada além disso.) Uma das Editoras contactadas me questionou:

-- "Afinal, quem é o DONO da obra... ELA ou eu" ?!

Por uma questão DE LÓGICA, se qualquer Editora não faz canecas nem CDs, não realiza filmes nem peças teatrais, ela SERÁ DONA do que fabrica, produz, imprime: OS LIVROS e sua extensão, os EBOOKS, surgidos a partir do original, pelo tempo que lhe conviver ou o citado no contrato. (No caso destes -- livros virtuais de quase nenhuma despesa -- é necessário um contrato em separado, por ter PRAZO e preço diferente dos livros físicos.)

Um dos meus prefaciadores, Edson Coelho, constatou que escrevo "um conto sem começo nem fim, só o "miolo", um NÃO-CONTO na visão dele. Descrevo os personagens em 4 ou 5 palavras, frase e meia no máximo e vou direto para a estória central. É realmente... "um conto DIFERENTE" ! Alguma Editora estará inclinada a APOSTAR numa "novidade" que pode não agradar ?!

Meu sonho é ter um livro POPULAR, barato e acessível, de preferência "de bolso" (13 x 18 cm) e com preço entre 4 e 7 dólares, porém o que vemos hoje são "bibelôs", brochuras douradas, livros caríssimos (desde a capa) e destinados a pouquíssimas pessoas. Ainda temos que enfrentar o derradeiro "suplício": a ridícula "noite de autógrafos" que pouco ou NADA acrescenta à vendagem da obra e na qual a Editora esbanja NUM SÓ DIA o equivalente ao investido no livro inteiro, sem vantagem alguma para o escritor. E com o Autor "dedicando" sua obra para desconhecidos que nunca mais verá !

Sou o primeiro A INVESTIR em mim... "abro mão", DISPENSO toda a percentagem que me caberia na futura edição inicial do livro físico -- ficando somente com o que render o "ebook" -- a fim de que alguma Editora faça uma divulgação maciça, ampla, da capa do livro e também da obra "in totum" entre jornalistas, revistas culturais e críticos literários da região. Mais do que isso não posso fazer... meu livro É DA EDITORA, dentro do conceito de autorização para PUBLICAÇÃO (edição, tiragem, impressão). É DELA para "ebooks" e, claro, a versão EM INGLÊS (ou outro idioma) a ser usada no Mundo todo será da mesma Editora -- lhe rendendo "royalties", dividendos -- desde que os contos não sejam "a(du)lterados". Já fiz eu próprio a CENSURA "imposta" e EXIGIDA "pelos novos tempos" de cancelamento e de RADICALISMO insano.

"NATO" AZEVEDO (Brasil, em 2/julho de 2024, 5hs)

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TEXTO IMPORTANTE - é preciso recuperar a autonomia do escritor em relação às atuais Editoras... o sentido restrito do termo "COPYRIGTH" é o direito apenas de REPRODUZIR o texto original, multiplicá-lo, e não o de SE APOSSAR dele. Se a Editora não produz CD nem filmes, como pode exigir "direitos" (?!) sobre o que NÃO FABRICA, porque do futuro livro derivam outras mídias ?! Isso mais parece PIRATARIA e cada autor está indefeso em razão do "pool" de práticas semelhantes no Mundo inteiro. Alguma coisa precisa MUDAR ! (NATOAZEVEDO)